Vaca louca: não há motivos para que o embargo seja prolongado, afirma analista
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou que o caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), chamada de ‘vaca louca’, no Pará foi um caso atípico. O resultado, confirmado por um laboratório no Canadá, já era esperado.
Agora, a expectativa é que Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) oficialize, em nota, o status brasileiro como de risco insignificante para EEB.
Em nota, o Mapa informou que por se tratar de caso atípico, ou seja, ocorrido por causas naturais em um único animal de 9 anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente, a pasta irá adotar imediatamente as providências, de acordo com os protocolos sanitários, para que as exportações da carne bovina brasileira sejam restabelecidas o mais breve possível.
Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras e Mercados, a confirmação encerra a questão do ponto de vista da sanidade, o que é positivo para a indústria de carne bovina do Brasil.
“A expectativa dessa vez é que o embargo seja mais célere em função da necessidade de compra da China. A China está com uma posição de estoques menos confortável nesse momento e também além disso ela não tem melhores alternativas. Ela não tem opções além do Brasil pra poder comprar carne bovina no mercado então isso tem um peso enorme nessas decisões chinesas em relação à retomada das compras de proteína animal brasileira. O Brasil tem uma situação de maior conforto para conseguir reverter esse embargo e nisso oferecer alguma tranquilidade, um período mais curto, possivelmente o embargo deve durar entre quinze e vinte dias”.
O analista pontuou ainda os impactos no mercado físico do boi. “Basicamente o que nós temos observado é que os frigoríficos estão aumentando a ociosidade média aguardando pela retomada das compras chinesas. A grande questão é que a decisão pela retomada parte exclusivamente da China. Esse é o grande ponto, a China que determina quando essas compras efetivamente voltarão a acontecer”.
Na segunda-feira (27), o Mapa e a cúpula da Administração Geral de Aduanas da China (GACC) estiveram reunidos por videoconferência, a pasta avaliou o encontro como muito positivo. Segundo o Mapa, o governo chines cumprimentou o governo brasileiro pela transparência na condução do caso. A sinalização é de retomada das exportações em curto prazo.
O mesmo deve ocorrer com Tailândia, Irã, Jordânia e Rússia que também deixaram de comprar a proteína brasileira, temporariamente.
“Como foi confirmada a tipicidade da doença, basicamente não vai ter maiores consequências em torno do mercado. Não há motivos para que o embargo seja mais prolongado”, afirma Iglesias.
O analista ressalta ainda que do ponto de vista da sanidade animal não há nenhum risco de contágio a outros animais tão pouco risco de contágio aos seres humanos.
Caso de “vaca louca”
A última vez que um caso de EEB foi confirmado no Brasil foi em 2021. As exportações foram suspensas entre setembro e dezembro daquele mesmo ano, com o preço médio de exportação da carne bovina caindo 20% naquele período. Dois anos antes, 2019, um outro caso atípico foi confirmado, e o protocolo também foi acionado – mas naquela ocasião o embargo durou apenas 13 dias, sem grandes prejuízos à cadeia