Sertão inspira livro de estreia do poeta Ciro Gonçalves

A observação poética de manifestações do Sertão, no campo e na cidade, move a escrita de Ciro Gonçalves, em seu primeiro livro. Publicado pela negalilu editora, “tudo agora é Sertão” transita por fronteiras imaginárias e reais do cotidiano atravessado pela cultura regional, expressando afeto e crítica através da poesia. Com apoio da Lei Aldir Blanc, por meio da Secult Goiás, o lançamento on-line e presencial do livro está programado para o dia 6 de agosto (sábado).

Para o lançamento on-line, às 18 horas, no canal negalilu (Facebook e Youtube), Ciro Gonçalves conta com a participação da poeta e cordelista cearense, Julie Oliveira, autora do posfácio. Também no sábado (6/8), o evento presencial para celebrar a chegada do livro será na EST Comedoria, no Setor Universitário (Rua 230, 136). Ainda em agosto, o autor participa de quatro atividades para ampliar a difusão de “tudo agora é Sertão” junto ao público leitor, em Goiânia. (veja programação abaixo)

É contemporânea sem nostalgia, a voz do caipira que nos conduz ao longo desta obra poética. Não há evocação de estereótipos do sertanejo folclórico, risível, exótico. “Pelo contrário, o orgulho e a sabedoria do que vem da roça orienta o questionamento de valores entronizados na cidade, pela modernidade”, comenta Ciro Gonçalves.

O confronto entre a preservação ambiental do Cerrado e o agronegócio já fica explícito na capa do livro, onde o poema “Monocultura I” − impresso em serigrafia − espalha a palavra “soja”, ocupando todo o espaço e “expulsando” o título de seu lugar de origem. Entre os 41 poemas publicados, batalhas silenciosas travadas entre Deus e o Diabo evocam o inspirador universo de Guimarães Rosa. “tudo agora é Sertão” também referencia Cora Coralina e Ferreira Gullar ao tratar de temas aparentemente “miúdos” para estruturar a construção de uma poesia existencial.

“Viver é ir: foice”, anunciam os versos de Larissa Lunardi e do próprio autor em epígrafe. Para leitoras e leitores, percorrer o caminho do sertanejo em êxodo é uma oportunidade de encontrar e reencontrar quintais, como um lugar de conexão entre o rural e o urbano. No vão do ‘entre’ está a escrita que reflete a experiência temporal: “O tempo do sertanejo, que conjuga com as estações do ano, a sabedoria do “olhar avagarado” versus o tempo do mercado, esse que dita a dinâmica nas cidades, onde time is money”, destaca Ciro Gonçalves.

Em “tudo agora é Sertão”, a disposição dos poemas na página é parte da poética do livro, favorecendo a experimentação da linguagem e a exploração estética. O design gráfico assinado por Bia Menezes tira partido desta visualidade no projeto gráfico que tem a concepção artística da editora Larissa Mundim. “Sempre um privilégio pensar e executar um livro em que cada detalhe busca sentido, seja na escolha de materiais, cores, técnicas de impressão, passando pelo ordenamento dos poemas para que o livro chegue ao público final com distinção”, diz Mundim.

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