Queimadas no Cerrado: 2º bioma brasileiro é o mais afetado em 2024 e atinge um efeito cascata
As queimadas no Cerrado registram recordes neste ano, de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O fogo gera prejuízos para a biodiversidade local, saúde e dia a dia da população.
Apenas em agosto, o Brasil registrou mais de 68 mil focos, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um aumento de 114% na comparação com o mesmo período de 2023.
As queimadas no Cerrado também bateram recordes neste ano: somente no primeiro semestre, o bioma teve a maior quantidade de focos de incêndio já registrada no período desde o início da série histórica do Inpe, em 1998.
O Cerrado, no Centro-Oeste do país, apresentou 12.097 focos de incêndio entre 1 de janeiro e 23 de junho, um crescimento de 32% comparado ao ano de 2023. Nos primeiros 23 dias de junho, o bioma registrou mais de 4 mil focos.
De acordo com especialistas, o número de queimadas no Cerrado teve um aumento por conta das mudanças climáticas e desmatamento relacionado ao agronegócio. Nos estados de Goiás e Minas Gerais, na divisa com São Simão, diversas cidades estão sendo tomadas pela fumaça.
Queimadas em Goiás
O estado registrou o dobro de incêndios em agosto deste ano, comparado com o mesmo mês de 2023. Dados do painel do Inpe, apontam que este agosto foi o segundo maior em número de queimadas desde 2018 em Goiás, com 978 pontos de fogo.
Em muitas cidades, como na capital Goiânia, a máscara voltou a fazer parte do dia a dia dos moradores. Por conta da fumaça, a poluição do ar atingiu níveis perigosos e foi preciso suspender as aulas em algumas unidades estudantis.
Somente nos primeiros dias de setembro, Goiás já teve 43 focos de incêndio ativos, segundo informações do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais da Universidade Federal de Goiás (Cempa/UFG). Em agosto, registrou-se 1.120 focos.
Combate aos incêndios e conscientização
Para combater as queimadas, é preciso que todos tomem cuidado, respeito e união. Pensando nisso, a SPIC Brasil, deu início a mais uma edição da Campanha Anual Contra as Queimadas.
Junto às comunidades do entorno da UHE ( Unidade Hidrológica e Elétrica) de São Simão, em cidades dos estados de Goiás e Minas Gerais, o trabalho consome a energia de trabalhadores e voluntários para conscientizar, para evitar os focos de incêndio .
A campanha leva aos moradores informações sobre os danos das queimadas e dicas de como evitá-las. Assim, promovem a educação ambiental e aumentam o engajamento no combate às queimadas.
Causas e consequências das queimadas
O aumento das queimadas no Cerrado acontece principalmente no período da estiagem, entre os meses de junho a setembro no Centro-Oeste do país. Nessa época, o bioma fica mais vulnerável ao fogo.
As mudanças climáticas, o aumento de áreas desmatadas e fenômenos naturais como o El Niño intensificam as queimadas no bioma, destruindo habitats e ameaçando diversas espécies nativas.
A combinação de baixa umidade e altas temperaturas agrava as queimadas, mas a origem criminosa de muitos desses incêndios também contribui para a situação crítica enfrentada pelo Brasil.
Vale destacar que a prática de queimadas é crime e leva à reclusão e cobrança de multa para quem provoca incêndios florestais.
Problemas na rede elétrica
As queimadas também podem gerar problemas no fornecimento de energia elétrica. Elas podem causar blecautes e cortes forçados de energia em linhas de transmissão, distribuição e subestações.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que os incêndios são a segunda causa de interrupções em linhas de transmissão da rede básica, ficando atrás das condições meteorológicas adversas.
Em 2023, segundo informações do Inpe, Goiás registrou o maior número de desligamentos de energia desde o início da série histórica, que começou em 2012. Quando atingem o sistema de transmissão, o fogo, a fuligem e a fumaça podem estimular a formação de curto-circuitos e impactar o abastecimento.
Impactos na biodiversidade
A destruição da biodiversidade é uma das consequências mais graves dos incêndios. O fogo pode levar à perda de habitats de espécies nativas, levando a um desequilíbrio ecológico de longo prazo. Já é conhecido que os índices são alarmantes em relação ao Cerrado Goiano: temos menos da metade da vegetação.
Sem contar que as queimadas afetam o solo e prejudicam a sua fertilidade, gerando impactos econômicos para comunidades locais que dependem da agricultura. Além disso, elas também são determinantes para a emissão de gases de efeito estufa, e podem impactar o ciclo de chuvas na região.
Efeitos na saúde da população
O efeito atinge a todos como se fosse cascata, mesmo. Pois a fumaça causada pelas queimadas também é muito prejudicial à saúde humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os incêndios aumentam os riscos para desenvolvimento de diversas doenças, especialmente os problemas respiratórios.