O lado obscuro da IA: a tecnologia que potencializa golpes financeiros via digital

Dentre as diversas inovações digitais recentes, nenhuma cresceu tão rápido quanto a Inteligência Artificial, que ganhou espaço no cotidiano de parte da população e, principalmente, nos planejamentos de empresas de todos os setores. Os benefícios do uso de IAs são notáveis e trazem entusiasmo, com eficiência operacional em grande parte dos casos, mas a facilidade e bons resultados das ferramentas representam também uma ameaça: cibercriminosos estão se beneficiando e aprimorando suas técnicas, tornando as fraudes mais complexas e criativas, com ataques mais sofisticados.

A Inteligência Artificial conhecida como Generativa, por exemplo, é capaz de produzir textos falsificações de rosto e voz com veracidade tamanha. O que dificulta a detecção e possibilita um roubo de uma conta bancária – principal alvo dos golpistas. Dados recentes, da última pesquisa global de fraudes e crimes financeiros, apontam que 52% dos tomadores de decisão em gestão de fraudes, risco e conformidade em instituições financeiras afirmam que a atividade de crimes financeiros aumentou em 2023. Além disso, 42% deles estimam que o volume será ainda maior até o final de 2024. A aposta é que a IA seja a razão do temor: quase dois terços dos gestores dizem que os criminosos estão mais avançados na utilização da Inteligência Artificial para fraudes e golpes, do que os bancos no uso da tecnologia para combater o crime financeiro. Pois as instituições estão abaixo de diversas regulamentações e processos que são indiferentes aos fraudadores, além da diferença das grandezas e escala.

A inversão da Inteligência Artificial

Muito se ouve sobre a aplicação da IA na prevenção a fraudes, contudo ainda existe uma lacuna na utilização da IA nesse sentido. Uma das razões segundo o especialista, Cassiano Cavalcante, “está na ausência de investimentos suficientes em infraestrutura e profissionais para executar as iniciativas de IA, como consumir e processar grandes volumes de dados em tempo real. O Pix figura como segundo maior golpe na escalada de crimes digitais

Na disputa entre as IAs, o comportamento humano é a chave

Os golpes no estilo 0800 comandam o ranking de fraude mais popular no Brasil. Em Goiás, não é difícil encontrar quem já caiu em golpes hoje considerados até obsoletos, como ( mensagens por SMS, falsas financeiras se passando por compradoras de dívidas bancárias, e mais uma infinidade de modalidades, continuam a fazer vítimas. Uma delas, (50) reside em Goiânia, caiu pela segunda vez, numa mensagem que recebeu por SMS. Ao ligar para a suposta compradora de créditos bancários, a interlocutora a atendeu com autoridade e intimidou mais a vítima. Ela não hesitou em atender as exigências e ficou no prejuízo de 2.000 Reais. Ela foi socorrida por uma vizinha, com identidade não divulgada e encontrou a amiga em total desespero e a orientou, ligou na instituição para saber se a tal financeira tinha validação para efetuar essas cobranças. Resta saber se a vítima vai ser ressarcida e quando.
Os criminosos se aproveitam de vulnerabilidades humanas e esmiúçam o no conhecimento dos consumidores para enganá-los. O fato de tal golpe ser o que mais cresce por aqui, ainda nos dá uma vantagem no trabalho de proteção contra a IA que está chegando nas mãos dos golpistas.
Para identificar os golpes, é crucial que bancos e instituições financeiras possuam uma compreensão profunda do comportamento do cliente. Isso envolve entender e analisar hábitos de transações, conhecer seus dispositivos e avaliar os padrões comportamentais, ou seja, ser capaz de criar uma identidade digital dos seus usuários.
Apesar de excelente, a IA ainda é apenas uma ferramenta programada por pessoas mal intencionadas e os bancos têm a capacidade para se anteciparem e garantirem o que todos esperam: segurança, experiência e privacidade. Oferecer ao cliente efetivamente mais proteção, e não só a sensação de estar seguro, é o caminho para que os golpistas entendam que as instituições financeiras passaram à frente nessa corrida. Mas concorrer com os artifícios da IA, em defesa de correntistas e consumidores, ainda é desafiador.

Em ascensão, Goiás registra cinco golpes digitais por hora em 2024

Estado contabilizou 24.979 crimes praticados em plataformas digitais. O número é 12,9% maior do que o levantado no mesmo período de 2023.
Em 181 dias (período de 1º de janeiro a 30 de junho), o estado contabilizou 24.979 crimes praticados em plataformas digitais. Ou seja, uma média de 138 casos a cada 24 horas. O número é 12,9% maior do que o levantado no mesmo período de 2023.

“Esse aumento é uma questão de âmbito nacional. Como os crimes ocorreram pela internet, os golpistas podem estar em qualquer parte do brasil. Muitos criminosos migraram dos crimes violentos, como roubo e furto, para praticar as mais variadas modalidades de golpe desde a pandemia da Covid ”, afirmou a titular da Delegacia Estadual de Investigação contra Crimes Cibernéticos, Marcela Cordeiro.

Migração
A delegada diz que os crimes digitais se popularizaram devido ao acesso à internet e o baixo risco de, por exemplo, confrontar com a polícia ou ser morto por rivais, como observado no tráfico de drogas. Os ganhos por meio de golpes e a ilusão da impunidade influenciaram a alta da prática criminosa.

Outro fator que elevou o número de cibercriminosos são os baixos investimentos. Afinal, apenas com um celular ou um computador com acesso à internet é possível engatar no artigo 171 do Código Penal, que prevê pena mínima de um ano e máxima de cinco.

“Há várias modalidades de golpe, como o novo número, a falsa central telefônica, o falso intermediário, onde o golpista pede transferência de valores em dinheiro ou o acesso a determinada conta da vítima”. Essa onda de fraudes tem como aliada agora, a Inteligência Artificial.

Prevenção

A delegada Marcela argumenta que a população idosa é a principal vítima dos criminosos digitais, mas que há casos envolvendo advogados, médicos, membros do judiciário e agentes da segurança pública. Ela explica que, na maioria das vezes, as vítimas caem no golpe em momentos de descuido ou quando estão atarefadas.

“A principal dica é sempre estar atento e bem informado. Seguindo essas A titular da Delegacia que investiga essa modalidade de crime, ressalta que é importante verificar o número em que o possível golpista entra em contato, assim como evitar passar dados pessoais por meio de aplicativos de mensagens via SMS ou ligações”. A investigadora reforça que, quando há a suspeita de golpe, é imprescindível entrar em contato com o banco responsável

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