Livro de ficção especulativa Cidade Infundada será lançado no dia 29 de maio

Obra literária reúne 25 contos inéditos de autores goianos ambientados na cidade de Goiânia

O projeto Cidade Infundada, idealizado pelo casal de escritores Adérito Schneider e Fernanda Marra, chega em sua última etapa em maio com o lançamento do livro homônimo. O evento literário foi realizado ao longo de 2021, de forma online e gratuita, e promoveu palestras, oficinas e concurso literário. No dia 29 de maio, o processo que fomentou a cena literária goianiense será concluído com o lançamento do livro que reúne 25 contos inéditos de ficção especulativa que se passam na capital goiana. Todos os contos foram escritos por autores goianos. O lançamento será às 16 horas no Abrigô Coletivo, com a participação dos autores e organizadores, além de discotecagem de Igor Zargov e uma apresentação cultural surpresa. A entrada é gratuita e o livro será vendido no local a R$ 50. O projeto é uma realização de Ideia de Girino e amar a trama e foi contemplado pelo Edital de Fomento à Literatura do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2018, da Secretaria de Cultura (Secult-GO).

O livro Cidade infundada conta com a participação dos autores convidados Ademir Luiz, André de Leones, Eugênia Fraietta, Fabiane Guimarães, Flávio Carneiro (vencedor do prêmio Jabuti 2021, na categoria “crônica” por “Histórias ao redor”), Jamesson Buarque, José M. Umbelino Filho, Luis Maldonalle, Marcelo Ferraz, Maria Clara Dunck, Maria José Silveira, Nádia Junqueira, Pedro Novaes, Polly Di, Rafael Saddi, Thaise Monteiro, Tom J. e Yani Rebouças. A obra também conta com contos dos vencedores do concurso literário Manu Lima, Bruno Bucis, Isali, Rafael Campos e  beta(m)xreis, e dos organizadores Adérito Schneider e Fernanda Marra. O livro será publicado pela martelo casa editorial.

A proposta da temática de ficção especulativa foi escolhida há alguns anos e, infelizmente, coincidiu com a maior pandemia mundial do século. “Em tempos de crise política, econômica, ambiental, sanitária e humanitária, nada mais urgente do que especular outras realidades, apontar riscos iminentes e rotas de fuga, sejam elas utópicas ou distópicas. Mais do que tentar colocar a ficção especulativa em uma prisão conceitual, a proposta do projeto foi de abrir espaço para transbordamentos: ficção científica, horror, fantástico, estranho, maravilhoso, insólito e quaisquer outras noções que venham a(va)calhar”, explica Adérito Schneider sobre o projeto. 

O projeto também teve como um de seus objetivos compreender um pouco a cidade de Goiânia e expressar pelo viés da arte literária o que é ser goianiense. “Todas as narrativas deste livro são ambientadas aqui. Trata-se de nosso(s) jeito(s) de imaginar, escrever e compartilhar nossa(s) cidade(s), mesmo que infundada(s), ou a cidade desde nossas perspectivas. Que “Goiânias” são essas, só a leitura da obra poderá responder (mesmo que, ao final, a resposta, em bom “goianês”, seja: Tem base não!)”, antecipa Fernanda Marra.

Sobre os contos

O projeto Cidade Infundada é muito anterior à pandemia e não se propôs a discuti-la, mas, segundo Fernanda Marra, é evidente que está profundamente marcado pela experiência vivida nestes tempos, o que ressalta o caráter coletivo do livro. A organizadora conta como os contos acabaram sendo permeados por esse momento histórico no qual os autores se encontravam ao desenvolver o trabalho. “Naturalmente, este contexto contaminou boa parte dos contos e está visível nesta obra. São 25 autores mais ou menos atormentados pela urgência de especular outras realidades, sejam elas utópicas ou distópicas; apontar riscos iminentes e rotas de fuga”, avalia Marra sobre os contos.

Adérito Schneider ainda compartilha como os contos acabaram abrindo espaço para transbordamentos que não engessam o “gênero”. “Na ficção, as fronteiras são equívocas. Toda essa pluralidade e insubmissão ingovernável está presente no Cidade infundada. Assim como não é possível fixar aqui uma noção de ficção especulativa (ou de “gênero”), também não é possível ordenar ou aglutinar os contos a partir de temporalidades, temáticas, estéticas, estilísticas ou iconografias. Cada texto, cada autora e autor falam desde sua singular perspectiva, de seu lugar no mundo. Aliás, se tem algo que podemos dizer deste livro é que ele é um corpo simbólico feito de mundos reais e imaginários”, antecipa o editor sobre o trabalho.

Sobre o projeto

Cidade Infundada ofereceu de forma gratuita e virtual, ao longo de 2021, uma extensa agenda que abordou a ficção especulativa. A live de abertura contou com a participação dos organizadores Adérito Schneider e Fernanda Marra, que leu o poema notas para pensar o afundamento, que também está publicado no livro. Em seguida, foram promovidas duas palestras com os escritores, professores e pesquisadores gaúchos radicados na capital paulista Eduardo Sterzi (Através do espelho: do outro lado da especulação) e Veronica Stigger (Sombrio Ermo Turvo: algumas notas sobre literatura e tempo presente). Este material encontra-se disponível no site e no canal do YouTube do projeto. Stigger ainda ofereceu uma oficina gratuita de escrita literária. Além do evento literário, o projeto Cidade infundada promoveu um concurso de contos voltado para escritores goianos, nascidos ou radicados, iniciantes ou experientes, profissionais ou amadores.

O projeto Cidade infundada é um desdobramento de outro projeto, Cidade sombria, realizado entre os anos de 2017 e 2018, em formato semelhante (evento literário, concurso literário e obra literária), e que gerou um livro com vinte e oito contos inéditos de autores goianos (e ilustrações de Julio Shimamoto), ambientados na cidade de Goiânia, com temática noir.

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