Importância de conscientizar sobre parto seguro é destacada no lançamento de cartilha do MPGO sobre o tema

A emoção deu o tom no evento de lançamento da cartilha Parto Seguro, realizado na última sexta-feira (10/2), na sede do Ministério Público de Goiás (MPGO). Depoimentos registrados em vídeo de cinco mulheres que foram vítimas de violência no momento do parto provocaram lágrimas e comoção. Não houve quem não se sensibilizasse com os relatos que deram voz e rosto a um tipo de violência que ainda é negligenciada.

Foi a preocupação em trazer esse tema para debate e reflexão e também de orientar as mulheres sobre o que é o parto seguro e como identificar e prevenir violações aos direitos da gestante que levou o MPGO a produzir a cartilha e o vídeo. Esse objetivo foi ressaltado nas falas durante o evento.

“O Ministério Público, pela sua missão, tem que mostrar uma posição sobre as questões que envolvem as mulheres. E tem conseguido fazê-lo com a participação de todas e de todos”, salientou em seu discurso o procurador-geral de Justiça Aylton Flávio Vechi. Segundo pontuou, mais do que sensibilizar sobre o tema, é essencial conseguir concretizar o respeito ao direito das cidadãs e cidadãos.

O procurador-geral também destacou o fato de a cartilha ter sido elaborada em um trabalho conjunto, de muitas mãos. “A principal lição que levamos deste processo é de que não somos ilhas, de que isoladamente não chegamos a lugar algum. Nós precisamos da reunião de forças para tratar de temas tão importantes para a sociedade, especialmente quando tratamos de temas que envolvem as mulheres”, observou.

União de forças também foi destacada por coordenadora

Uma das idealizadoras da cartilha, a coordenadora da Área da Saúde do MPGO, Lucinéia Vieira Matos, explicou como foi concebido o projeto e as preocupações que nortearam o trabalho, enfatizando ainda as parcerias que viabilizaram a concretização da publicação. A promotora destacou a consultoria da médica Marta Franco Finotti e o apoio recebido da equipe da Secretaria Estadual de Saúde e também da Assessoria de Comunicação Social do MPGO, sobretudo em relação à produção de um conteúdo com linguagem simples e acessível.

Segundo relatou Lucineia, a ideia de produzir o material surgiu, inicialmente, na Área de Políticas Públicas e Direitos Humanos, a partir de casos de repercussão nacional que ocorreram no ano passado, como o da influencer Shantal Verdelho e os abusos sexuais cometidos por anestesista no Rio de Janeiro contra mulheres na sala de parto. Diante da constatação da necessidade de esclarecer as mulheres sobre a violência em relação às gestantes, as duas áreas de atuação uniram esforços com a Área Criminal para produzir um conteúdo orientativo amplo, mas também de fácil assimilação.

Além da cartilha, a proposta de conscientização sobre o tema envolveu a produção do vídeo que emocionou os presentes no evento, de quase 6 minutos, com os depoimentos das mulheres.

Lucinéia Matos observou que o vídeo tem como finalidade mostrar que esse tema da violência contra a gestante no parto é real, tem rosto e tem voz. Segundo avaliou a promotora, esse assunto ainda não recebe a atenção adequada e carece de um devido dimensionamento, já que não há dados oficiais mensurando o problema nem ações concretas em todo o País. “A violência que ganha a grande mídia é aquela que sai completamente da curva, que constitui o crime, que chama a atenção pelo escândalo. Mas e a violência do dia a dia?”, questionou, para enfatizar a necessidade de sensibilizar o tema.

Exibição de vídeo traz reações

A exibição do vídeo com os depoimentos trouxe, num primeiro momento, o silêncio, com as atenções concentradas nos depoimentos fortes, comoventes. Quando uma das mães conta que teve as pernas amarradas na sala de parto, vem o choque. Quando a outra revela, com a voz embargada, que ficou sozinha na sala de parto, sem direito a acompanhante e apoio, as lágrimas escapam. Na sala do MP, não teve quem não se sentisse impactado pelo que ouvia.

Duas das mães entrevistadas para o vídeo estiveram presentes ao evento. Kássia Marques Barbosa e Nayara Stephanie Katiúscia de Santana Victor receberam as homenagens de todos os presentes pela coragem em expor suas histórias e pela contribuição que poderão dar para dar maior relevo ao tema da violência sofrida por mulheres gestantes no parto.

Promotores ressaltam cuidado na elaboração do conteúdo

Envolvidos no projeto, a coordenadora da Área de Políticas Públicas e Direitos Humanos e o coordenador da Área Criminal também ressaltaram a importância do trabalho a muitas mãos que resultou na produção da cartilha. Tamara Andréia Botovchenco Rivera enfatizou o cuidado que cercou a elaboração da publicação e salientou que essa “forma gentil” com que ela foi construída vai, sim, incentivar as pessoas a se informar mais sobre o assunto. Felipe Oltramari também lembrou dessa preocupação com o enfoque adequado da cartilha, presente até no seu nome, Parto Seguro, o que evidencia a relevância do cuidado, do acolhimento e de não priorizar a violência.

Para a subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPGO, Lilian Conceição Mendonça de Araújo, o objetivo do MP, com a produção da cartilha, é justamente fomentar a discussão para que se possa melhorar a assistência prestada à gestante. “Que essa cartilha sirva para reflexões e para avanços”, pontuou.

As procuradoras de Justiça Laura Maria Ferreira Bueno e Ivana Farina Navarrete Pena também fizeram suas ponderações sobre a publicação produzida pelo MPGO. Elas destacaram a qualidade do material elaborado, bem como o relevante impacto que sua difusão poderá trazer para a sociedade. Lembraram ainda que o papel do MP é trazer assuntos como esse à reflexão.

Falaram ainda no evento a médica Marta Finotti; a presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Goiás (Cosems), Verônica Savatin Wottrich; a superintendente de Atenção Integral à Saúde de Goiás, Paula dos Santos Pereira, e a coordenadora do Projeto Meninas de Luz da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Malba de Castro.

Pelo MPGO, estiveram presentes ainda ao evento as promotoras de Justiça Karina D’Abruzzo, Keila Martins Ferreira Von Zuben Durante e Luciene Maria Silva Oliveira Otoni e os promotores Marcus Antônio Ferreira Alves, Paulo Henrique Otoni e Reuder Cavalcante Motta. Participou também a coordenadora da Rede Materno Infantil em Goiás, Alexandra Nunes Assis.

Distribuição será feita por meio da rede da saúde

A distribuição da publicação, segundo informa a coordenadora da Área da Saúde, não será de forma direta ao público-alvo, mas, sim, feita de maneira articulada, por meio da rede de assistência dos municípios em todo o Estado, de modo que o conteúdo seja trabalhado tanto na atenção básica quanto na rede hospitalar.

Foram impressos, inicialmente, 5 mil exemplares da cartilha. Mais 15 mil exemplares estão em produção e serão entregues nos próximos dias. A intenção do MP é agregar também uma capacitação a esse projeto de conscientização sobre o parto seguro, o que foi apontado como necessário por vários dos participantes do evento. Confira mais detalhes da cartilha no Saiba Mais. (Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MPGO)

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