Grupo Vida Seca realiza projeto que oferece oficinas, shows e lançamento de cartilha de instrumentos feitos de sucata
Entre os meses de julho e setembro o Grupo Vida Seca compartilha uma agenda de atividades em que, ao mesmo tempo, aprimora seu próprio trabalho de pesquisa musical e criação de instrumentos a partir de materiais descartados e amplia o acesso do público a esse universo com o projeto ProvocaSom. A programação tem início em julho com uma oficina de construção de instrumentos conduzida pelo artista mestre em lutheria Márcio Vieira. No dia 7 de julho, Márcio oferecerá uma oficina às 15h aberta ao público na Comunidade Educacional de Pirenópolis. Entre os dias 8 e 10 é a vez do Vida Seca imergir numa formação com o luthier para aprimorar os conhecimentos sobre construção de instrumentos. Em agosto, Vida Seca compartilha com o público o resultado desse aprimoramento em dois shows, nos dias 18 e 19 de agosto no Teatro do IFG. Ainda em agosto, a partilha segue com o lançamento de uma cartilha com a metodologia e instrumentos utilizados pelo grupo.
O grupo Vida Seca desenvolve desde 2004 um trabalho pioneiro em Goiás em que pesquisa e cria instrumentos com materiais descartados e alternativos. Com os integrantes Danilo Rosolem, Igor Zargov, Ricardo Roqueto e Thiago Verano, latas de tinta, de óleo lubrificante e pedaços de calha para fiação elétrica se tornam uma bateria, ou melhor, uma sucateria. Teclas de porcelanato se tornam uma marimba, ou um porcelanotofone. Mangueiras e funis se transformam em um instrumento de sopro. Trata-se de uma longa trajetória de pesquisa em luthieria contemporânea em que o grupo construiu e criou diversos instrumentos, partindo de ideias originais ou de pesquisas de trabalhos já existentes, montando um acervo instrumental único no estado. Este trabalho resultou num acervo instrumental diferenciado e de sonoridade particular, com o qual criou um repertório de música autoral influenciada por musicalidades experimentais e populares.
Em 2022, com o projeto ProvocaSom, o grupo visa aprimorar esse trabalho e compartilhar com um público ainda maior essas experiências e conhecimentos que não são apenas musicais, mas carregam um peso social. Com este trabalho, o grupo ressignifica e transforma o sentido de materiais descartados pela sociedade que contribuem para um desequilíbrio ambiental. Assim, Vida Seca aposta na arte como ferramenta para mobilização social. “Nosso trabalho é sobre estar num lugar onde você não tem possibilidade de acessar instrumentos musicais e, usando os próprios objetos que estão ao seu alcance, você cria arte e mobilização social”, compartilha Ricardo Roqueto.