Grupo Ateliê do Gesto realiza Residência Gratuita em dança contemporânea
O grupo Ateliê do Gesto realiza em Goiânia, por meio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás, a residência artística “A procura do gesto”. As inscrições acontecem de 25 de agosto a 4 de setembro e o projeto tem como público-alvo os artistas independentes e estudantes de artes cênicas (dança, teatro e circo). Os interessados poderão se inscrever por meio do formulário disponível no link: https://bit.ly/3qzmAFU. Ao todo serão disponibilizadas 20 vagas e a carga horária total será de 30 horas, com encontros previstos para acontecer entre 12 de setembro e 12 de outubro.
De acordo com seus realizadores, o intuito é estabelecer diálogos entre os intérpretes/criadores que atuam em Goiânia, fortalecendo a cena artística local, além de trazer para estes participantes o trabalho de pesquisa do Ateliê do Gesto, que também passou, recentemente, por residência com a artista carioca Duda Maia. A passagem dos integrantes do Ateliê do Gesto pelo Rio de Janeiro foi uma forma de preparar esse segundo momento do trabalho, que é essa residência.
A residência em Goiânia pretende estabelecer uma relação de busca pela construção de novas linguagens em dança, relacionando o cenário cultural local com o trabalho feito em outras regiões do país. O projeto colabora, assim, com a movimentação do mercado nacional, possibilitando um espaço para produção de conhecimento, troca de experiências e saberes e circulação de informação entre os envolvidos.
Fortalecimento de redes e conexões
Segundo os idealizadores da Residência “A procura do gesto”, fomentar esse trabalho de pesquisa e imersão também desempenha um papel crucial no enriquecimento da cena local. Além de estimular a criatividade, a experimentação, a formação e desenvolvimento individual, o projeto também fortalece as redes e conexões entre artistas e profissionais da área. A residência pode resultar, dessa forma, em colaborações futuras, compartilhamento de recursos e crescimento da produção cultural enquanto cadeia de atividades sustentáveis e perenes, incluindo a formação de novos intérpretes-criadores.
Um mergulho no gesto – o que esperar?
De acordo com João Paulo Gross, um dos responsáveis pelo projeto ao lado do Daniel Calvet, o trabalho com Duda Maia trará um impacto significativo nos conteúdos a serem trabalhados durante a residência em Goiânia. Sobre isso, Gross explica: “depois que fizemos a residência com a Duda, percebemos as possibilidades de uma abordagem totalmente a partir do movimento. Isso proporciona um trabalho de grande escuta e mergulho dentro do campo criativo, deixando que o movimento se revele enquanto potência. Através da exploração de gestos e ações relacionados à consciência corporal, os participantes terão a oportunidade de ampliar sua compreensão sobre as articulações do corpo como caminho investigativo.”
Quanto ao que os participantes poderão esperar desse mergulho, João Paulo Gross informa: “acreditamos que o trabalho contínuo gera ideias, e os encontros proporcionam novos diálogos. Será um processo bonito de experimentar com os participantes. A criação vem a partir da experimentação, do corpo em movimento, dessa produção e geração de energia que o mover provoca em cada um, no coletivo e no espaço.”
Aula espetáculo – um resultado que não nos torna reféns
Ao final da residência acontecerá uma uma mostra do trabalho desenvolvido ao longo do projeto. Algo que o grupo chama de aula-espetáculo. Este formato garante uma liberdade de apresentação de exercícios, cenas criadas, explicações verbais, vídeos, além do bate papo aberto com o público.
Sobre esse resultado, João Paulo explica: “hoje em dia tem-se uma urgência em querer um resultado, em justificar as coisas. Um projeto dessa natureza tem um valor que muitos desconhecem, porém necessário para a arte, que precisa de um outro tempo para que algo possa emergir. É um projeto e um processo muito valioso e que precisa ser bem cuidado, com espaço e respiro para deixar chegar, para que possamos ter a sensibilidade e o comprometimento com o que se dará nesse encontro. Um espaço sagrado para a criação artística e o tempo do corpo, que hoje em dia, muitas vezes fica refém de prazos e burocracias que interferem no fazer artístico.”