Goiânia é uma cidade mais preparada para as pessoas ou para os carros?
Principais obras de infraestrutura de mobilidade na capital goiana são feitas para veículos automotores, mesma a cidade sendo plana e arborizada; arquiteto e urbanista chama a atenção sobre o assunto e está à disposição para entrevistas
Para o arquiteta e urbanista Paulo Renato Alves, mesmo com o surgimento de modais de transporte alternativos, como os veículos eletrificados leves (motos e patinetes elétricos) e uma adesão maior pelo uso da bicicleta, ainda hoje os automóveis e motos ditam a ocupação e o planejamento urbano das cidades brasileiras, na capital inclusive. “Goiânia é uma cidade plana e bem arborizada, que favorece a caminhabilidade e o uso da bike. Mas apesar disso, as principais obras de infraestrutura de mobilidade que são feitas na cidade são para veículos automotores, como os viadutos. É um equipamento urbano que de fato melhora a fluidez do trânsito de carros, motos e ônibus, mas quanto mais espaços você dá para os veículos automotores, mais espaço você tira dos pedestres e dos ciclistas, sem falar na questão da poluição”, avalia o urbanista.
Com especialização em desenvolvimento de empreendimentos imobiliários e sua interação com a cidade, Paulo Renato Alves é um dos sócios do escritório Norden Arquitetura, já atuou como membro do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) e recentemente integrou a equipe de consultores contratados pela Câmara Municipal para a interpretar e avaliar tecnicamente o projeto do Plano Diretor de Goiânia.
Para Paulo Renato, numa cidade que se organiza em múltiplas centralidades autônomas, onde o morador, a poucos passos de casa, consegue ter acesso a tudo o que ele precisa no dia a dia, o uso do carro acaba sendo, de fato, pouco necessário. Como um bom exemplo a ser seguido, ele cita o que tem sido feito em Paris, que tem adotado o conceito de “Cidade em 15 Minutos”, criado pelo renomado urbanista Carlos Moreno, professor da Universidade de Sorbonne na França.
“O objetivo desse modelo é combater essa expansão espacial e temporal desordenadas que os veículos automotores levaram às cidades, promovendo a proximidade dos empregos, de serviços essenciais, parques e praças públicas, comércio e uma variedade de opções de entretenimento, conectados e acessados por meio da mobilidade ativa, bicicleta ou a pé ou então até mesmo com esses novos veículos elétricos leves”, explica Paulo Renato.