Gastos das famílias brasileiras com juros cresce 18% em dois anos
O valor dos juros pagos por pessoas físicas no período corresponde a quase cinco vezes o valor estimado de R$ 60 bilhões que será injetado por meio do Auxílio Brasil (R$ 600 por indivíduo), entre agosto e dezembro deste ano. Consequentemente, os recursos que poderiam aumentar a massa de rendimentos das famílias e estimular a economia – ao serem destinados ao consumo e a outras despesas – serão comprometidos com o pagamento desses juros.
De acordo com o estudo, esses gastos representaram um dos maiores itens de despesa dos lares brasileiros, superou os valores destinados à educação, aos serviços de saúde e ao vestuário. Ficou abaixo apenas do custo dispendido pelos grupos com aluguel e alimentação.
Crédito
O crescimento dos pagamentos com juros está relacionado ao aumento da oferta de crédito no período. No primeiro semestre deste ano, o saldo das operações com recursos livres (que corresponde ao saldo das operações de empréstimo, financiamento, adiantamento e arrendamento) cresceu 11,6%, enquanto as concessões (valor das novas operações contratadas no período) avançaram 14% na comparação com o mesmo período de 2021.
Frente ao cenário de inflação elevada, o crédito foi importante para os lares manterem o padrão de consumo. Além disso, o consumo reprimido durante a pandemia cresceu com a volta à normalidade, sendo sustentado pelo crédito em conjunto com a recuperação do mercado de trabalho. A taxa de juros cobrada no primeiro semestre de 2022 foi de 18,8%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Inadimplência
Por outro lado, as sucessivas elevações da taxa Selic, assim como a inflação em alta, provocaram um cenário de deterioração financeira. Entre janeiro e junho, a taxa de inadimplência entre as famílias brasileiras foi de 5,24% – índice que volta ao patamar recorde registrado em 2020 (5,3%).
Levantamento mais recente do Banco Central (Bacen) mostra uma situação preocupante quanto ao aumento da contratação de linhas emergenciais de crédito, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial – as duas modalidades mais caras do mercado.
A despeito desse cenário atribulado, a FecomercioSP acredita que a melhora dos níveis de renda observada nos últimos meses, graças à recuperação do mercado de trabalho e à redução na inflação (com deflação por três meses consecutivos), além da injeção dos recursos do Auxílio Brasil no segundo semestre, podem ajudar para que os níveis de inadimplência permaneçam sob controle.