“Festa entre parentes”, longa metragem de Hélio Fróes, estreia na Goiânia Kino Mostra
Imagine uma festa entre parentes em que cada membro começa a contar um causo e de repente o momento se transforma em uma denúncia de abusos típicos e atípicos do passado, mas que são tão familiares. “Festa entre parentes”, de Hélio Fróes, é um longa-metragem que borra as fronteiras entre ficção e documentário. Ele terá sua estreia na Goiânia Kino Mostra, no dia 26 de Maio, às 16 horas, no Cine Ritz. A fonte de todas as histórias representadas na obra são as narrativas dos parentes dos atores, pessoas de suas famílias, próximas ou um pouco distantes. Este trabalho tem a produção da Bambolina Produções e da Sublima Filmes. O lançamento conta com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
O trabalho foi gestado na pandemia, em 2020, como um parêntese nas atividades do grupo de atores do Corpo Cênico, ligado à Escola do Futuro em Artes Basileu França. Cada ator, individualmente, coletou relatos de um parente e trouxe o material para ser trabalhado artisticamente. “A proposta tinha como objetivo reunir as histórias de vida, as tragédias familiares e os causos insólitos num conjunto que refletisse as raízes do grupo. Como resultado, conseguimos um trabalho que vai além, e faz um retrato dos costumes regionais na época dos pais e avós dos integrantes do grupo, o que nos leva a até cerca de 50 anos atrás” compartilha Hélio Fróes, diretor do filme gravado entre os dias 9 e 12 de outubro de 2021.
O diretor comenta que havia algo em comum que alinhava todos os relatos: algum tipo de violência, física, psicológica e intrafamiliar. “São abusos muitos normalizados pela sociedade, pela família e pelo próprio parente que contava a história. Mas será que tais abusos e violências são realmente coisa do passado? Embora choquem as mentalidades de hoje, o quanto desses comportamentos persiste em nossa sociedade? Essas são perguntas que o trabalho suscita no espectador”, antecipa o diretor.
Sobre o percurso e o resultado
“Festa entre Parentes” foi desenvolvido sem verba, mas com a colaboração de artistas e técnicos profissionais do audiovisual goiano. “A gente fez este trabalho em forma de guerrilha, em que cada um que doou sua mão de obra acreditou no roteiro e no projeto cinematográfico não linear”, comenta Fróes. O diretor, ator há 30 anos, comenta como a experiência de teatro de grupo agregou na direção do filme: “ali todos tiveram voz e o diretor é um organizador de desejos, vontades e saberes”, compartilha.
Hélio Fróes diz que não poderia estar mais feliz com o resultado: “está lindo e potente. É um filme coletivo, polifónico, não só pelas histórias narradas pelos atores, mas por uma equipe técnica que se envolveu de coração, dando seu tempo, suor, equipamentos, sua técnica em torno de um projeto pensado e criado em grupo. O elenco foi muito generoso em compartilhar suas memórias de família. É uma história sobre identidade coletiva brasileira, com suas alegrias e mazelas”, avalia.
Sobre o diretor
Hélio Fróes é roteirista e diretor do curta “O Tamanho da Pedra”, exibido em diversos festivais e vencedor do prêmio de melhor curta ficção na Mostra ABD/ FICA 2021 e Favera 2018, além do prêmio Elo Company, no Goiânia Mostra Curta 2018. Ele também assina a direção da minissérie infantil “Vila Mariote”, que estreou na Prime Video. Formado em Comunicação Social – Rádio e TV pela UFG, mestre em Artes Cênicas na UNIRIO, fundador da Cia. de Teatro Nu Escuro, pela qual dirigiu dezenas de espetáculos e recebeu vários prêmios.