Eu tenho alergia alimentar: E agora? A “Jornada do Paciente” do diagnóstico ao tratamento #Eutenhoalergiaalimentareagora?

  • Cerca de até 8% das crianças, com até dois anos de idade, e 2% dos adultos têm algum tipo de alergia alimentar
  • A adrenalina autoinjetável é o único medicamento capaz de salvar a vida de uma pessoa com anafilaxia, mas o medicamento não é vendido no Brasil

De 13 a 19 de maio acontece a Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar e este ano o tema é “A Jornada do Paciente: Pré-diagnóstico, Diagnóstico e Pós-Diagnóstico”. A alergia alimentar é uma resposta exagerada do sistema de defesa do corpo contra proteínas alimentares. É diferente de intolerância alimentar.

Os sintomas de alergia alimentar podem ser vários, tais como placas vermelhas que coçam pelo corpo, inchaços de boca, olhos ou outras partes do corpo, náuseas, vômitos. Os casos graves acompanham falta de ar, tosse e o fechamento da glote e queda da pressão arterial – a chamada anafilaxia, que pode levar a óbito. Outras manifestações tardias também podem acontecer como diarreia, sangramentos nas fezes, vômitos incoercíveis e outros. O tratamento é baseado na retirada do alimento causador, e no caso de alimentos essenciais, como o leite e ovo em crianças pequenas, é necessário a sua substituição por outro que preencha as necessidades nutricionais do paciente, o que frequentemente causa um forte impacto socioeconômico negativo sobre o paciente e seus familiares.

Qualquer alimento pode causar alergia alimentar; porém, os mais comuns são leite, ovo, soja, trigo, peixes, frutos do mar, amendoim e castanhas. No Brasil não há estatísticas oficiais, porém a prevalência parece se assemelhar com a literatura internacional, que mostra cerca de até 8% das crianças, com até dois anos de idade, e 2% dos adultos com algum tipo de alergia alimentar.

A Jornada do Paciente com Alergia Alimentar

O Pré-Diagnóstico – A Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Lucila Camargo conta que testes alérgicos não conseguem isoladamente confirmar ou afastar uma alergia alimentar e podem ser perigosos se interpretados sem contextualização. É comum que testes alérgicos venham positivos mesmo em quem não tem alergia.

Portanto, a avaliação médica com especialista é essencial. Os sintomas de alergia alimentar são comuns a outras doenças. Analisar as suspeitas de alergia alimentar e comprová-las antes de se indicar dietas, diminuem proibições alimentares desnecessárias que podem impor risco nutricional e prejuízo na qualidade de vida.

O Diagnóstico – A avaliação clínica feito por um especialista é o primeiro passo para se chegar ao diagnóstico de alergia alimentar, e os testes e exames são complementos deste diagnóstico. “A provocação oral, quando se oferece ao paciente o alimento suspeito de provocar alergia, é um desses testes, mas deve ser feito em ambiente preparado para o caso de ocorrer uma anafilaxia, reação alérgica grave. Apenas médicos habilitados podem realizar esse tipo de teste”, alerta Dra. Lucila.

Muito importante diferenciar alergia alimentar X intolerância alimentar: a pessoa com alergia pode ter reação grave e até morrer com pequenas quantidades de alimento. Na intolerância, os sintomas podem ser incômodos, mas não oferecem risco de morte.

O Pós-Diagnóstico – Permite que o paciente receba a orientação específica, mas também tem muitas dificuldades, entre elas a adaptação à dieta e o medo em ter uma reação por contato cruzado. As restrições dietéticas devem vir acompanhadas de substituições adequadas para não resultar em comprometimento nutricional. A educação sobre alergia alimentar é fundamental, saber que uma pequena quantidade pode provocar reações graves e ter um plano de ação para reações inadvertidas é essencial. A depender do caso, é necessário carregar a adrenalina autoinjetável para controlar a crise até a chegada ao pronto-socorro”, explica Dra. Lucila.

A adrenalina autoinjetável é o único medicamento capaz de salvar a vida de uma pessoa com anafilaxia, mas o medicamento não é vendido o Brasil. Está em andamento o Projeto de Lei 85/24 que visa incluir a caneta de adrenalina autoinjetável entre os medicamentos fornecidos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Inclusão e Rede de Apoio: O medo constante de ter uma reação alérgica grave faz com que o paciente e a família passem por ansiedade, estresse e exclusão social, muitas vezes, prejudicando a qualidade de vida. A divulgação do conhecimento sobre a alergia alimentar em restaurantes, áreas de alimentação, escolas, eventos sociais – na população em geral- permite uma abordagem mais segura e inclusiva, com menor prejuízo emocional.

Orientação sobre como evitar o contato cruzado e a leitura rotineira de rótulos é estratégia fundamental, pois em determinadas pessoas mais sensíveis, traços do alimento podem causar reações. Por exemplo: produtos podem conter leite mesmo em quantidades mínimas e causar alergia grave.

Médicos, nutricionistas, grupos educativos e toda a sociedade atuando em conjunto para superar as dificuldades impostas pelas alergias alimentares e conquistar uma vida plena e saudável:

A jornada do paciente no manejo da alergia alimentar é complexa e desafiadora, mas com persistência e apoio é possível superar os obstáculos.

O diálogo aberto com o médico e a equipe de saúde é fundamental para esclarecer dúvidas, buscar soluções e garantir o melhor acompanhamento possível.

A educação sobre alergias alimentares é essencial para promover a inclusão e o respeito às necessidades dos pacientes em todos os ambientes, em especial no que tange à medicação autoinjetável contendo adrenalina.

“Ter um diagnóstico preciso, o acompanhamento com o especialista, um plano de ação e conscientizar as pessoas com as quais convivem enriquecem a qualidade de vida do paciente, fazendo com que ele se sinta incluído na sociedade”, comenta Dra. Lucila Camargo, da ASBAI.

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