Em ação em Belém durante visita de Macron, Greenpeace Brasil pede que Lula defenda a Amazônia da exploração de petróleo

“Lula, declare a Amazônia uma zona livre de petróleo”. Essa foi uma das mensagens exibidas por ativistas do Greenpeace Brasil nesta terça (26), próximo à Ilha do Combu, em Belém, onde os presidentes Lula e Macron se reuniram para uma agenda bilateral com programação voltada a temas relacionados ao meio ambiente, povos indígenas e COP30.

A bordo do veleiro Witness, que está no Brasil para fomentar a produção de conhecimento científico sobre a dinâmica das correntes da Bacia da Foz do Amazonas e avaliar possíveis impactos da exploração de petróleo na região, a equipe do Greenpeace exibiu uma grande faixa com os dizeres “Petróleo na Amazônia Não” no momento em que passavam as embarcações da comitiva oficial dos presidentes.

A pressão do governo, da indústria e de políticos locais para a abertura de uma nova fronteira exploratória na Margem Equatorial brasileira é grande. Porém, ao apostar em petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, o Brasil estará prejudicando não somente a sua sociobiodiversidade, mas “exportando” potenciais derramamentos de petróleo para os países vizinhos, incluindo a Guiana Francesa

“Será que o Lula contou para o Macron nesse encontro que grandes volumes de eventuais vazamentos e derramamentos de petróleo ocorridos na bacia da Foz do Amazonas tendem a ir para a Guiana Francesa, que é território francês?, questiona o coordenador da área de Oceanos do Greenpeace Brasil, Marcelo Laterman, presente na ação.

A costa amazônica é lar de uma biodiversidade única – é lá que está o Grande Sistema de Recifes da Amazônia e o maior corredor contínuo de manguezais do planeta, entre muitas outras espécies. Apesar disso, é na Bacia da Foz do Amazonas que está o bloco FZA-M-59, que já foi alvo de petrolíferas estrangeiras e que, atualmente, pode ser explorado pela Petrobras. Diante deste cenário, o Greenpeace Brasil começou uma campanha no ano passado pedindo que o governo declare a Amazônia uma zona livre de petróleo.

“Lula e Macron estão discutindo a COP30 em um território que está sob ameaça direta da indústria do petróleo. Já são mais de 200 blocos de exploração entre os já concedidos, em oferta e em estudo na bacia da Foz do Amazonas. O país, que tem as condições de liderar pelo exemplo a transição energética global e ser protagonista na agenda climática, deve ir de herói a vilão caso o governo insista na abertura de uma nova fronteira de petróleo na Amazônia. Ainda é tempo do presidente assumir a responsabilidade que traz nos discursos e declarar a Amazônia uma zona livre de petróleo”, afirma Marcelo Laterman.

A embarcação do Greenpeace usada na ação estava em frente à Ilha do Combu, na margem oposta de onde Lula e Macron foram  conhecer as populações que produzem cacau de forma artesanal e sustentável. A campanha de pressão para que os líderes entendam os riscos do petróleo à sociobiodiversidade da região da Foz do Amazonas também inclui mensagens em francês e português nas redes sociais do Greenpeace Brasil.

A presença do Witness em águas brasileiras é parte da expedição Costa Amazônica Viva, que viabiliza pesquisas científicas sobre a região da Margem Equatorial e avalia potenciais impactos da exploração de petróleo na região. A iniciativa busca dados que possam contribuir para um entendimento mais acurado sobre a trajetória de eventuais vazamentos de petróleo, já que não há um consenso científico sobre tais dinâmicas. Pelo contrário, há um dissenso fundamental: as modelagens de dispersão de óleo apresentadas pela Petrobras, que indicavam que ele não chegaria até a costa foram recebidas com ceticismo por oceanógrafos de renomadas instituições do país.

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