Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio: conscientização da saúde mental e gerenciamento do estresse podem salvar vidas
O Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (WSPD), comemorado anualmente em 10 de setembro, é organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A cada 40 segundos, alguém perde a vida por suicídio. Um estudo que examinou o comportamento suicida durante o lockdown do COVID-19 na Índia pelo ‘International Journal of Mental Health Systems’ encontrou um aumento de 67,7% nos relatos da mídia on-line sobre comportamento suicida. Em comparação com 2019, os suicídios relatados durante o lockdown foram de indivíduos significativamente mais velhos, com maior probabilidade de ter entre 31 e 50 anos.
No primeiro ano da pandemia em 2021, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado pela (OMS). As preocupações com possíveis aumentos para 2022, levaram 90% dos países a incluírem programas de apoio à saúde mental e psicossocial. Assim fazendo um Chamado de alerta a todos os países para intensificar os serviços e apoio de saúde mental.
Dr. Higor Caldato (@drhigorcaldato) – médico psiquiatra e sócio da clínica Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) com especializações em psicoterapias e transtornos alimentares, diz que o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é um dia de conscientização, que vem todos os anos com o objetivo de reforçar a conversa sobre o suicídio e mostrar que a prevenção e recuperação dessas pessoas é possível, e ele é um dos profissionais que se mobiliza sempre para falar sobre o assunto através de um olhar direcionado para a psicoeducação.
Houve um aumento significativo nos casos de ansiedade e depressão observado em consultório, durante e pós pandemia. Dr. Caldato, ressalta: “os transtornos mentais sempre estiveram presentes, só pioraram após a pandemia. Além disso, notamos que as pessoas se tornaram mais conscientes de suas emoções e sentimentos após lockdown. Parecem estar menos resistentes a falar sobre suas emoções e mais conscientes em buscar ajuda. Adolescentes e crianças estão realmente entre os mais afetados, os adolescentes me confidenciam medo do futuro e de voltar a se socializar presencialmente, além do mundo virtual; o motivo é a necessidade cada vez maior de aprovação por pessoas que cada vez mais se comparam às outras. Sendo assim, reforço que cada um deve valorizar seus potenciais e entender os seus limites. Ao alinharmos essas expectativas, podemos reduzir a impulsividade diante das frustrações, melhorar a autoestima e evitar o pensamento ou desejo de morte.”
Para o Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) – médico geneticista, atuante em Neurogenética e neurologia, gatilhos importantes podem ser o meio ambiente e o estilo de vida que tanto são observados na geração atual. A frase do sociólogo polonês Zygmunt Bauman em que descreve “vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” exemplifica o caráter temporário das coisas e a maior quantidade de informação distribuída. Muitas vezes existe uma exigência para cumprir padrões assistidos na mídia e a frustração dos desejos com poucos recursos psíquicos pode causar estresse, ansiedade e depressão. Dr. Alexandre Lucidi comenta: “a difusão de informação através de mídias digitais e a participação de redes sociais podem ser interessantes quando a qualidade do consumo é avaliada de forma positiva. Existem programas de suporte à saúde mental on-line, por exemplo.”
Entretanto, os programas assistenciais de saúde mental poderiam ser mais abrangentes para a população em geral. As organizações de saúde deveriam atender alunos de escolas públicas gratuitamente ou dar um desconto considerável para que alcancemos e possamos prevenir casos de suicídio.
No Brasil temos o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, que atendente gratuitamente todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias.