“Dezembrite”: Psicanalista explica sobre Síndrome de fim de ano

Embora a chegada do Papai Noel venha superestimada de coisas boas, parece que nem sempre isso acontece. Mas porque algumas pessoas ficam depressivas no fim do ano e qual a relação dessa depressão com o natal e as festas da virada?

Os motivos podem ser e são, muito subjetivos, porém apesar da mudança de calendário ser um motivo de grande alegria e motivação para muitos, para outros, ela eleva e agrava o nível de ansiedade, estresse, melancolia e tristeza, desenvolvendo a famosa síndrome de fim de ano: a “Dezembrite”.

Pode ser considerada como algo passageiro, se for diagnosticada e tratada de imediato, do contrário poderá perpetua-se causando sofrimento emocional para o indivíduo para os próximos 365 dias.

Um dos principais fatores relacionados ao surgimento da Dezembrite é exatamente o de que, por ser uma época turbulenta, devido ao trabalho, confraternizações, filas, presentes de Natal, metas para concluir, ansiedade pelo ano que virá, tristeza pelo que não se realizou ainda, preocupações com o novo ano para se projetar, entre outras milhares de questões, acaba sendo inevitável fazermos um balanço pessoal para checar tudo o que realizamos e deixamos de realizar durante o ano, e é nesse momento que, o emocional pode se abalar, principalmente se a pessoa já estiver em processo de desequilíbrio por autocobranças, excessos de culpas, exaustão mental, decepções, etc.

Neste sentido, em um mês onde naturalmente já existe uma cobrança velada de que precisamos ser felizes a todo momento, sorrir sempre, estar de bem com a vida com todos, saboreando o espírito natalino sem direito a demonstrar tristeza, ressentimentos ou dor, certamente, a tendência a depressão ou a outro tipo de transtorno mental, virá com força maior, metendo o pé na porta e escancarando o desequilíbrio emocional.

Essa gama de sentimentos incômodos, como: cansaço, tristeza profunda, ansiedade, insegurança, frustração, necessidade de se isolar, amargura, estresse elevado, irritabilidade, entre outros, se somam a um decreto natalino de que temos sempre que fazer muita coisa antes do Natal.

Porém, o recomendado é: permita-se fazer somente o necessário ou ainda menos do que você gostaria. Não se cobre tanto, por tudo. Autocuidado em primeiro plano. Além disso, busque fazer uma reflexão para tentar entender o motivo dos sentimentos negativos.

Enfim, é preciso entender que mesmo que seja um momento festivo e de confraternização, sentimentos como melancolia e tristeza podem nos visitar e nos acompanhar neste período, por este motivo para amenizar os danos emocionais nessa época do ano, tome alguns cuidados importantes para sua saúde mental, como: dê menos importância para falas inconvenientes em ambientes familiares; não finja grande felicidade só para agradar as pessoas; tenha coragem de dizer não, quando for necessário; culpabilize-se menos quando não se der conta de oferecer presença; mantenha sua rotina de terapia, mesmo que diminua a frequência; não saia da linha com sua organização, planejamento e esquema de alimentação, de sono e de exercícios físicos antes das festas principais.

Portanto, entenda que o momento nos torna muita mais reflexivos, mas tente encarar também pela perspectiva de que a reflexão ajuda a construir novos degraus na sua jornada, e abre o olhar para o processo de renovação pessoal que vem chegando com a mudança do ciclo. É importante afastar os pensamentos negativos e ser grato. O hábito de agradecer traz bem-estar e aumenta a autoestima.

Dra. Andréa Ladislau  / Psicanalista 

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