Centro Cultural Octo Marques recebe a exposição “As Matriarcas”, da artista visual Raquel Rocha
Pinturas feitas em cestas de palha ornadas com 16 búzios fazem referência ao jogo do merindilogun, conhecido como jogo de búzios, desenvolvido pelas Mães de Santo no Brasil. Essas obras integram o trabalho “As Matriarcas”, que será lançado na exposição individual da artista visual goiana Raquel Rocha, que tem como propósito enaltecer e cultuar a força e empoderamento daquelas mulheres que tornaram possível a sobrevivência da cultura preta brasileira. A exposição será aberta no dia 16 de maio, às 19 horas, na galeria Sebastião dos Reis, no Centro Cultural Octo Marques. Este projeto foi contemplado pelo edital do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 03/2023.
A exposição, que conta com curadoria do artista Divino Sobral, reúne 12 obras desenvolvidas por Raquel Rocha entre 2022 e 2024 Outras duas obras da série estarão como obras convidadas dentro da programação da FARGO 2024. A artista, também candomblecista iniciada há sete anos, expressa por meio do trabalho artístico a importância das matriarcas do Candomblé na manutenção histórica cultural dos negros no Brasil.
“O culto aos Orixás só existe pela fé e determinação das Mães de Santo. Elas são as fundadoras das primeiras casas de candomblé no Brasil. Por meio das sabedorias dos ritos e orientações, elas promoveram não só a manutenção do culto, mas possibilitaram a alforria de muitos escravizados, contribuíram com a manutenção e sobrevivência dos quilombos, e, principalmente ensinaram e perpetuaram um modo viver, uma cultura social de comunidade que perpassa pelo respeito à ancestralidade e a harmonia com a natureza”, destaca a artista visual.
Este projeto é uma realização do Orum Aiyê Quilombo Cultural, que tem se consolidado em Goiânia por desenvolver uma agenda de ações culturais de linguagens variadas e qualificadas que têm o protagonismo negro em todas as frentes. Este espaço é responsável pelo espetáculo “Contos de Cativeiro”, pelo Mercado de Ákessàn, uma feira de artistas negros que contempla uma ampla disversidade de expressões artísticas, o Festival de Palhaçaria Preta e o Bloco Tambores do Orum, primeiro bloco carnavalesco de goiânia 100% negro. A exposição de Rocha ainda fortalece o trabalho do quilombo no campo das artes visuais. O espaço já abrigou as exposições “Contos De Cativeiro”, “As Rosas de um Boi do Cerrado” e “Orixás entre traços e versos”.
Sobre a artista
Raquel Rocha se alimenta do axé das matriarcas ao criar um série histórica de pinturas que marcam a importância do seu trabalho que, além de ser afro referenciado, fortalece o combate ao racismo, desconstroi conceitos ignorantes que sustentam a intolerância afro religiosa e lança luz sobre a importância da mulher negra na história da sociedade brasileira. “A Série “As Matriarcas” é fruto da vida de uma mulher negra candomblecista nascida e criada em Goiânia, cidade que ainda hoje ostenta como herói a estátua de um Bandeirante representante maior do genocídio e do latrocínio perpetuado na terra brasilis”, comenta Marcelo Marques, produtor executivo da exposição e co-fundador do Orum Aiyê Quilombo Cultural.
O produtor destaca que entender de onde parte a história da artista Raquel Rocha explica a importância de sua série no âmbito nacional dentro do circuito das Artes Visuais. “O trabalho dessa artista transpassa sua pele negra para potencializar o imagético e o protagonismo das mulheres pretas nas artes. “As Matriarcas ” não é sobre a obra de uma artista, é sobre o reconhecer e reverenciar o talento da mulher preta que soube no passado transformar a paisagem do território escravista em espaços de acolhimento e, na atualidade, transforma o cenário de racismo em territórios de reflexão de empoderamento negro feminino”, destaca Marques.
Serviço: Abertura da exposição “As Matriarcas”, de Raquel Rocha
Data: 16 de maio
Horário: 19 horas
Local: Galeria Sebastião dos Reis, Centro Cultural Octo Marques.
Entrada franca