Cartórios apontam que Goiânia tem média de 442 órfãos por ano desde 2021

Em 2021, pandemia da COVID-19 foi responsável por quase 1/3 da orfandade em território goianiense e, até este ano, pode ter deixado até 398 crianças e adolescentes sem um dos pais

Levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil de Goiás aponta que 442 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano em Goiânia. Os dados, pela primeira vez consolidados a nível estadual, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por quase um terço da orfandade no município, correspondendo a 206 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 508 órfãos.

O levantamento abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, inviabilizando uma correlação exata entre ambos os registros, número que ficou consolidado a partir de 2021.

“A divulgação desses dados pelo registro civil é um marco essencial para dar visibilidade à realidade de milhares de crianças e adolescentes órfãos em Goiás, cujos desafios vão muito além da perda familiar. O registro civil não apenas documenta essas histórias, mas oferece uma base sólida para a formulação de políticas públicas que garantam o direito à proteção, à educação e a um futuro digno para essas crianças. É através dessa estrutura que podemos mobilizar a sociedade goiana para construir uma rede de apoio efetiva e transformadora, assegurando que nenhum desses jovens seja invisível aos olhos do poder público e da comunidade”, enfatiza Dra. Evelyn Valente, presidente da Arpen/GO”, declara Evelyn Valente, presidente da ARPEN/GO.

Segundo os dados consolidados pela Arpen-GO via ON-RCPN, além dos 508 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 327 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 422 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 434, o que supera o ano passado neste período.

Fenômeno da Covid-19

Os dados consolidados do levantamento dos Cartórios de Registro Civil apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, 261 crianças órfãos de pelo menos um de seus pais em Goiânia. Se forem consideradas doenças correlacionadas ao coronavírus no período, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – 8; Insuficiência Respiratória – 113; e Causas Indeterminadas – 16, o número pode chegar a ao menos 398 crianças órfãos por causa de doenças relacionadas à Covid desde 2019.

Ainda segundo o estudo, ao menos 7 crianças perderam os dois pais em razão da doença causada pelo novo coronavírus. O levantamento ainda aponta reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como Infarto, AVC, Sepse e Pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.

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