Brasil é 2º maior transplantador do mundo e transplante de rim está entre procedimentos mais realizados

Procedimento é o mais eficaz para doentes renais crônicos em estágio avançado. Após receber novo órgão paciente consegue ter vida praticamente normal, explica especialista

Referência mundial na área de transplantes, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, e os transplantes de rim representam cerca de 70% dos procedimentos médicos desse tipo feitos no país, conforme dados do Registro Brasileiro de Transplantes, do Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, só entre janeiro e setembro de 2023 foram 3.930 transplantes desse órgão realizado no país, segundo informações do Sistema Nacional de Transplantes.

De acordo com o urologista e  especialista em Transplante Renal pela Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo Rosa Lima, o transplante de rim é hoje o tratamento mais eficiente para quem sofre de doença renal crônica em estágio avançado. Ainda conforme o médico, o tempo médio de espera na fila para receber um rim varia entre os estados. Em Goiás, segundo o especialista, essa espera é, em média, de três anos e 80% dos pacientes recebem o órgão de doadores já falecidos.

Segundo o especialista, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus são as principais doenças relacionadas à insuficiência renal crônica no mundo. “Ambas respondem por cerca de 80% dos casos. Outras doenças reumatológicas, como lúpus, glomerulonefrites próprias dos rins, abuso de anti-inflamatórios, cálculos renais, malformações congênitas das vias urinárias, entre outros, podem ser responsáveis pela doença renal crônica”, explica o médico.

Rodrigo Lima esclarece que a indicação do transplante de rim é individualizada, pois leva em consideração um conjunto de fatores, mas em geral prioriza pacientes que sofrem de doença renal crônica com insuficiência do órgão, que estão em diálise (processo artificial de filtração do sangue) ou fase pré-dialítica e que tem um quadro comprovadamente irreversível. “A indicação para o procedimento, que é de alta complexidade, só é confirmada após uma detalhada análise física e emocional do paciente, considerando exames como o de sangue, de urina e de imagem”, pontua Rodrigo Lima.

Recuperação e cuidados

Conforme o médico, o transplante restaura a função renal do paciente, trazendo significativa melhora na qualidade de vida, uma vez que deixa a pessoa livre do processo de diálise, que faz a filtragem das impurezas do sangue, principal função dos rins, de forma artificial por meio de um aparelho  dialisador.

O tempo de recuperação após o transplante varia bastante, explica Rodrigo, dependendo das condições do órgão doado e do paciente que o recebeu. “Pode variar de uma semana até mais de um mês. Em casos de transplante renal intervivos, os receptores costumam receber alta hospitalar com menos de uma semana de cirurgia. Após o período de internação, é muito importante que o paciente mantenha as consultas regulares e o repouso necessário nas primeiras semanas, quando o organismo ainda está em recuperação”, destaca o especialista.

O uso correto dos medicamentos também interfere na qualidade de vida dos transplantados, lembra Rodrigo. Isso porque os remédios imunossupressores são prescritos para diminuir as chances de rejeição do órgão recebido. “Os pacientes transplantados devem usar esses imunossupressores para o resto da vida e em caso de abandono da medicação ou uso irregular, o resultado será  a perda do rim transplantado e outras complicações”, alerta o médico. Ele também orienta que é fundamental seguir uma rotina adequada de alimentação e todas as orientações do nefrologista. “É também importantíssimo evitar ambientes com aglomerações, para reduzir o risco de infecções oportunistas neste período em que o organismo está mais debilitado”, destaca o médico.

 

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