Aparecida recebe visita da ONU para aprimorar a assistência a indígenas venezuelanos

A iniciativa foi uma solicitação da Saúde de Aparecida (SMS) em articulação com a Saúde Estadual (SES). Profissionais da OIM, Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações, orientaram a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) Mansões Paraíso

Na última semana,  9 de agosto, se reuniram, com os profissionais da UBS Mansões Paraíso, representantes da SMS e da SES para receber orientações da OIM. O objetivo do encontro, solicitado pelo município, foi aprimorar os atendimentos prestados pela unidade aos cerca de 80 indígenas venezuelanos da etnia Warao que moram na região. As orientações foram ministradas pela assistente de Projetos da OIM, Leany Torres Moraleda, integrante do povo Warao.

“Solicitamos o apoio da Saúde Estadual nessa articulação com a OIM e fomos prontamente atendidos por essa importante agência da ONU. Queremos acolher adequadamente essa população migrante que agora reside em Aparecida contribuindo para melhorar a qualidade de vida deles, e, com isso, também facilitar sua integração social”, afirma o secretário de Saúde Alessandro Magalhães.

O superintendente de Atenção à Saúde da SMS, Gustavo Assunção, ressalta as razões da solicitação: “Nosso pessoal da UBS Mansões Paraíso encontrou algumas dificuldades de língua, eles têm dialetos próprios, e também culturais e religiosas para ofertar uma assistência mais efetiva a essa população. Agora pudemos realizar essa oficina que foi um momento muito rico. Toda a equipe foi orientada e capacitada para lidar melhor e fortalecer o vínculo com os Warao. ”

Fato inédito em Goiás

“O encontro teve foco na cultura desses indígenas para que a UBS execute a assistência ciente de aspectos culturais, comportamentais e linguísticos deles. A vinda da OIM ajuda a qualificar o atendimento a esse grupo e talvez até a expandir a experiência para outras populações que Aparecida tem, já que é o segundo maior município do Estado e recebe muitos migrantes de vários lugares do mundo. Essa foi a primeira vez que a OIM trabalhou aqui em Goiás diretamente com os profissionais de saúde de um município e a equipe da UBS se mostrou disposta a aprender. Estive no encontro com representantes das superintendências de Políticas de Atenção Integral à Saúde e de Vigilância em Saúde para dar nosso apoio e aprender também”, destacou a superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde da SES, Paula dos Santos Pereira.

A coordenadora de Projetos da OIM, Thais La Rosa, que também participou da oficina, explicou o trabalho que desenvolvem em todo o Brasil: “Trabalhamos com a temática migratória tanto indígena quanto não–indígena e sou responsável pela coordenação dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal. Em Aparecida viemos fortalecer a interlocução com a comunidade indígena Warao, fazer essa mediação principalmente para questões de cuidados com a saúde, em específico para a tuberculose. ”

UBS Mansões Paraíso: Equipe dedicada

Thais La Rosa acrescentou que há interessa da OIM em retornar a Aparecida brevemente para observar os resultados obtidos e acrescentou que “vamos nos manter muitos próximos da SMS para trabalhar a questão das migrações indígenas e não-indígenas. ” Ela ainda elogiou a receptividade local: “Aqui foi incrível. Sentimos que havia uma necessidade de trazermos uma contextualização maior sobre o que é uma migração indígena, por que vieram, quais são os intuitos e as maiores dificuldades no âmbito da saúde. Os profissionais foram muito abertos e receptivos para o nosso apoio a todo o incrível trabalho que eles já vêm fazendo com os Warao aqui da região. ”

Migração dos Warao          

De acordo com dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), no último censo realizado na Venezuela, em 2011, os Warao eram a segunda etnia mais populosa do País, representando cerca de 7% dos povos indígenas, ficando atrás dos Wayuu, que eram 57% da população indígena nacional. Um estudo de 2020 da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apontou que, das mais de 264 mil pessoas venezuelanas refugiadas e migrantes vivendo no Brasil, cerca de 5 mil eram indígenas, sendo que 65% destas eram da etnia Warao.

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