Aparecida é a primeira cidade do centro-oeste a identificar duas novas sublinhagens da ômicron

Programa Municipal de Vigilância Genômica sequenciou dois casos de BA.4 e um de BA.5. Ao todo, no Brasil, são dez registros

O Programa de Vigilância Genômica de Aparecida de Goiânia identificou nesta segunda-feira, 23 de maio, duas novas sublinhagens da ômicron em circulação no município: a BA.4 e a BA.5. Esses são os primeiros registros dessas variantes em todo o Centro-oeste. A descoberta só foi possível graças ao programa, que é o maior do gênero realizado no Brasil por uma prefeitura, segundo a plataforma internacional Gisaid, entidade com banco de dados sobre genomas de vírus.

Ainda de acordo com a plataforma, até a manhã desta terça, 24, em todo o mundo foram identificados 2.371 casos de BA.4, sendo oito na América do Sul e três no Brasil. Desses, dois são de Aparecida. A respeito da BA.5 o Gisaid já registrou 2 mil casos no mundo, sendo sete na América do Sul, todos eles identificados no Brasil. Um caso é de Aparecida. Essas sublinhagens ainda estão sendo estudadas.

“Neste ano, a variante ômicron foi a que predominou em Aparecida. 100% das amostras sequenciadas pelo nosso programa em 2022 são referentes a ela. Agora, observamos o surgimento dessas sublinhagens, que já foram relacionadas ao aumento de casos de covid-19 em outros locais. Contudo, ainda não se pode falar em crescimento de hospitalizações e óbitos. Não é possível nem afirmar que a BA.4 e a BA.5 vão predominar em Aparecida. De qualquer forma, seguimos monitorando. Por enquanto, uma orientação permanece: testagem e vacinação”, afirma o secretário de Saúde, Alessandro Magalhães.

A diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da SMS, Érika Lopes, responsável pelo Programa de Sequenciamento Genômico, reitera a informação e explica que não há motivo para alarme: “Sempre gosto de destacar que enquanto o Sars-CoV-2 estiver circulando, infectando e reinfectando pessoas, ele sofre mutações. Esse é um processo natural da replicação do vírus. Algumas dessas mutações podem garantir um maior poder de adaptação, gerando novas linhagens mais infectantes, letais ou com escape imunológico. Para analisar as consequências é necessário monitorar”.

Casos identificados em Aparecida

Sobre os dois registros da BA.4 em Aparecida, a superintendente de Vigilância em Saúde, Daniela Ribeiro, informa que trata-se de um casal em isolamento domiciliar. A mulher, de 38 anos, testou positivo para a covid-19 em 16 de maio, depois de apresentar tosse seca, dor de cabeça e mialgia. Já o homem, de 39 anos, foi diagnosticado no dia 17 de maio, após sentir os mesmos sintomas que a esposa. Ambos foram vacinados com três doses e não precisaram de internação. Até o momento, não houve transmissão intradomiciliar para nenhuma outra pessoa que reside na casa.

Sobre o caso da BA.5, a superintendente explica que trata-se de um homem, de 20 anos, que também está em isolamento domiciliar: “Ele testou positivo no dia 16 de maio, apresentando sintomas como dispneia, mialgia, dor de garganta e sintomas gripais. Segue estável, sem queixas”. Segundo a gestora, ele está vacinado com duas doses.

Daniela Ribeiro avalia ainda que como não foi possível identificar a origem da contaminação nesses três casos, pode-se afirmar que já existe transmissão comunitária dessas sublinhagens em Aparecida.
Programa de Vigilância Genômica

O Programa Municipal de Sequenciamento analisa amostras colhidas durante a realização do RT-PCR que tenham uma carga viral mínima e com os seguintes critérios: pacientes com suspeita de reinfecção, pacientes de baixo risco que precisaram de internação e pacientes aleatórios agrupados por semana epidemiológica. Até o momento, o município já realizou 500.369 testes RT-PCR para diagnóstico da covid-19 e já sequenciou 2.637 amostras.

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