A influência do gênero e do sexo na percepção e modulação da dor nas costas

A dor física, tanto aguda quanto crônica, pode ter diferentes implicações quando consideramos sexo e gênero e é essa reflexão que a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) traz neste ano em sua campanha global de conscientização para leigos e profissionais da saúde, com tema: ‘’Disparidades de Sexo e Gênero na Dor’’. Estratificando a temática para a dor nas costas, a mais prevalente do mundo, podemos direcionar contextos relacionados à frequência e intensidade que mulheres apresentam para determinas disfunções e doenças, comparativamente ao sexo masculino.

Segundo Dr. Alexandre Elias, neurocirurgião, mestre pela UNIFESP, com atuação de mais de 20 anos com doenças da coluna, estudos equilibrados em ambos os sexos são fundamentais para melhor compreensão das questões relacionadas à dor. “É preciso evitar generalizações que possam prejudicar o resultado, análise e a eficácia clinica das abordagens com base científicas, incluindo a concentração de públicos similares, com a mesma faixa etária, doenças de base, para que os dados sejam reais e aplicáveis”.

O que diz a IASP sobre estudos da dor em homens e mulheres

Segundo a Associação, por décadas, estudos sobre dor focam essencialmente em animais machos, negligenciando fêmeas. Já nas pesquisas em humanos, apesar de muitas contemplarem tanto o homem quanto a mulher, a variável do sexo, em sua grande parte, não é analisada com a importância que deveria. A justificativa dada para isso é que o sexo feminino apresenta maior complexidade em seus componentes fisiológicos para análise.

Para exemplificar um pouco do contexto de diferenciação dos públicos, um estudo publicado na base de dados da PubMed, uma das mais reconhecidas da área biomédica, com o título ‘’Diferenças de sexo e gênero na dor’’, em 2022, evidencia que mais da metade das condições de dor crônica são mais comuns nas mulheres.

‘’Isso pode ocorrer porque as mulheres são mais suscetíveis a terem atrofia muscular, acumulo de gordura, piora na função muscular e influências hormonais que afetam os quadros de dor de uma forma geral. ‘’Em relação às doenças da coluna, onde atuo, posso afirmar que as mulheres têm uma prevalência maior de disfunções e, a partir delas, são mais suscetíveis à dor, inclusive aos quadros crônicos,’’ explica Dr. Alexandre Elias.

Além das doenças reumatológicas e autoimunes que afetam a coluna, como a espondilite anquilosante, há também os casos de osteoporose. Esta última, em particular, se desenvolve com mais frequência e intensidade nas mulheres em função das perdas hormonais da menopausa. Lembrando que a osteoporose fragiliza e enfraquece a estrutura óssea, favorecendo o processo degenerativo da coluna e as doenças decorrentes desse processo.

Entretanto, o público feminino frequentemente relata e lida com dor com mais resistência que o público masculino. Nesse aspecto, as atividades da Campanha da IASP o são importantes para que as condições especificas das mulheres não sejam subjugadas, tanto para o diagnóstico como para o tratamento.

No último episódio do podcast de autoria do Dr. Alexandre Elias, o “Hora da Coluna”, o médico trouxe o tema à tona, detalhando os tópicos apresentados aqui e os desdobramentos de algumas das doenças da coluna que mais afetam as mulheres.

 

Previous Article
Next Article