
Pirenópolis em contagem regressiva para as Cavalhadas 2025
Cidade já celebra o Divino Espírito Santo com novenas, cortejos, música, doces seculares e apresentações que encantam gerações
Com o soar dos sinos e a alvorada das bandas de couro e banda Phoenix, do mestre Propício, Pirenópolis (GO), já vive intensamente o clima de uma das manifestações culturais e religiosas mais tradicionais do Brasil: a Festa do Divino Espírito Santo, que chega a 206 anos de celebração contínua em 2025.
A festividade é uma das mais antigas do país e remonta ao século 19, tendo se estruturado a partir das tradições do catolicismo popular português e adaptado às práticas culturais locais com elementos únicos da cultura goiana.
Um dos pontos altos da festa, ocorre nos dias 8, 9 e 10 de junho, quando as tradicionais Cavalhadas tomam conta da cidade. Inspiradas nos antigos autos medievais portugueses, as Cavalhadas de Pirenópolis encenam o embate simbólico entre Mouros e Cristãos, com cavalos, lanças, armaduras e figurinos coloridos, numa dramatização que une fé, história e espetáculo.
A celebração do Divino Espírito Santo em Pirenópolis é uma mistura de fé, arte popular e tradição oral. Durante cerca de 50 dias, a cidade se transforma: bandas acordam a população ao amanhecer, terços e novenas são realizados diariamente, cortejos solenes percorrem ruas históricas, e personagens como o Imperador, os Reis, Juízes e Mascarados dão vida a uma encenação que envolve centenas de moradores e atrai milhares de visitantes.
Além de seu valor espiritual, a festa tem um papel fundamental na preservação da memória local, na movimentação econômica da cidade e na transmissão de saberes artesanais, como a confecção das famosas Verônicas — doces de açúcar moldados artesanalmente em formas religiosas e distribuídos como bênçãos.
Pontos altos da festa
• Chegada da Folia do Divino (1º/06): grupo vindo da zona rural percorre as ruas da cidade até a Casa do Imperador.
• Levantamento do Mastro e Coroação do Divino (1º e 7/06): rituais simbólicos acompanhados por queima da fogueira, bênção do Bomfim e tocatas festivas.
• Saída dos Mascarados (7/06): figuras irreverentes e coloridas tomam as ruas da cidade, interagindo com o público e mantendo viva uma das tradições mais animadas da festa.
• Domingo do Divino (8/06): Cortejo solene do Imperador, Missa cantada pelo Coral Nossa Senhora do Rosário, distribuição das tradicionais Verônicas e início das Cavalhadas.
• Encenações das Cavalhadas (8, 9 e 10/06): espetáculo medieval que revive as batalhas entre Mouros e Cristãos, com cavaleiros ricamente trajados e apresentações que unem bravura, fé e cultura.
• Apresentações da peça As Pastorinhas (6 e 7/06): encenação teatral tradicional com temática religiosa, que encanta gerações e reforça os elementos simbólicos da festa.
• Anúncio do novo Imperador (10/06): celebração no patamar da Igreja do Bonfim, encerrando oficialmente a Festa do Divino.
• Missa de Corpus Christi e posse oficial do novo Imperador (22/06): momento de passagem simbólica da coroa do Divino Espírito Santo, com bênçãos e novo ciclo de devoção.
Curiosidades que encantam
• As Verônicas: doces delicados de açúcar, produzidos artesanalmente há mais de dois séculos por famílias pirenopolinas. São moldados em formatos religiosos e distribuídos como símbolo de bênção e fartura.
• As Cavalhadas: tradição trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVIII, foram incorporadas ao calendário da Festa do Divino em Pirenópolis em 1826. O espetáculo combina elementos teatrais, religiosos e folclóricos.
• Os Mascarados: figuras irreverentes que circulam pelas ruas em trajes coloridos, dançando e interagindo com o público. A origem desses personagens tem muitas versões. Uma delas diz que as roupas extravagantes e as máscaras serviam para espantar os maus espíritos. Há quem diga que por baixo das fantasias, estavam escravos que eram proibidos de participar da festa, mas também queriam se divertir.