
Mulheres empreendedoras em Goiás: mais escolarizadas, mas ainda com desafios na renda
O cenário do empreendedorismo feminino em Goiás tem avançado nos últimos anos, com um crescente protagonismo das mulheres à frente de negócios. Segundo dados do Sebrae com base na PNADc do IBGE, atualmente o estado conta com 369,6 mil mulheres donas de negócio, com idade média de 42 anos. Desse total, 54% se autodeclaram negras e 72% possuem ensino médio completo ou superior. A maioria das empreendedoras são chefe de domicílio (50%) e trabalhadoras por conta própria (84%).
A presença feminina no empreendedorismo tem se mantido em torno de 30% nos últimos anos, com o menor índice registrado em 2013 (28%) e os mais altos em 2018 e 2021 (34,8%). Em 2023, as mulheres representavam 34% dos empreendedores goianos, enquanto os homens somavam 66%. Além disso, a remuneração mensal dos negócios de mulheres é de R$ 2.634 e elas trabalham, em média, 36 horas por semana.
Mulheres negras lideram entre as empreendedoras
As mulheres negras compõem a maioria das empreendedoras no estado, representando 54% do total, enquanto as mulheres brancas representam 45%. Esse cenário se mantém desde 2012, com picos de representatividade em 2012 e 2020, quando as mulheres negras chegaram a 62% das empreendedoras. A partir de 2020, a diferença entre os grupos começou a diminuir.
Mais estudo e renda ainda inferior
As empreendedoras goianas estão cada vez mais escolarizadas. Em 2012, 50% delas possuíam ensino médio completo ou superior; em 2023, esse percentual saltou para 72%. Contudo, esse avanço não se refletiu no aumento da renda: enquanto em 2012 a remuneração média mensal era de R$ 2.319, em 2023 chegou a R$ 2.634 – um crescimento de apenas 14% em 11 anos.
Além disso, a desigualdade de gênero na renda persiste. Enquanto a remuneração média das mulheres empreendedoras é de R$ 2.634, os homens na mesma posição alcançam R$ 3.432, ou seja, 30% a mais. Entre os anos de 2012 e 2024, a renda das mulheres sempre foi inferior à dos homens. Essa disparidade pode ser parcialmente explicada pela diferença na carga horária semanal: enquanto os homens dedicam, em média, 42 horas ao negócio, as mulheres trabalham 36 horas. A necessidade de equilibrar a gestão do negócio com as responsabilidades familiares é um fator relevante nesse contexto.
Mudança no papel familiar das empreendedoras
Outro dado relevante é a mudança no papel das mulheres empreendedoras dentro dos lares goianos. Em 2012, 51% delas ocupavam a posição de “cônjuges” no domicílio e, hoje, esse percentual caiu para 35%. Já o número de mulheres empreendedoras que são chefes de domicílio subiu de 34% para 50%, indicando um crescimento na autonomia financeira e na responsabilidade sobre o sustento da família. A maioria das mulheres empreendedoras (84%) atua como trabalhadora por conta própria, enquanto 16% são empregadoras, ou seja, possuem funcionários.
Os dados revelam que as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no empreendedorismo e ampliando sua qualificação. No entanto, mesmo em ascensão, elas ainda enfrentam desafios estruturais, como a disparidade salarial e a necessidade de conciliar trabalho e família.