
PEREGRINAÇÃO ONCOLÓGICA – MOVIMENTO E INFORMAÇÃO
Cerca de 50 pacientes se reúnem neste sábado (25) para caminhada simbólica de autocuidado e conscientização do câncer de mama. Médicos e educadores físicos também participam
“Eu não aguentava mais. Eu queria a minha vida de volta”; “foi como se o chão sumisse debaixo dos meus pés”; “achei que fosse morrer, assim que ouvi o diagnóstico”; “eu fiquei desesperada”; “meu sentimento foi de desespero, medo e achei que fosse morrer, porque é desesperador”. Esses são alguns trechos dos depoimentos de Karina Rocha e Daniela Prado, pacientes que estão na fase final de tratamento de câncer de mama.
Karina é zootecnista e Daniela, biomédica. Não se conhecem pessoalmente, ainda, mas o que as une é um diagnóstico assustador. Além disso, ambas destinam tempo de suas vidas para falar sobre a doença e conscientizar outras pessoas sobre a importância de hábitos saudáveis e do diagnóstico precoce para a cura do câncer de mama.
Aos 42 anos, Karina foi diagnosticada com câncer de mama, depois de já ter se tratado de neoplasias malignas da tireoide e ter conseguido estabilizar a progressão da esclerose múltipla que a afastou do trabalho. Daniela sentiu o chão se abrir sob os seus pés aos 40 anos, ao fazer exames de rotina depois do nascimento de sua segunda filha. A bebê, com um ano de idade, foi o esteio, junto de seu irmão mais velho, para que ela encontrasse forças para se restabelecer.
A Zootecnista passou por mastectomia para retirada total da mama doente e por mais duas cirurgias para o processo de reconstrução da mamária, porém teve complicações. O corte não cicatrizava. “Quando eu retirei a prótese, o corte cicatrizou e eu parei de vazar (complicação), eu fiquei muito feliz. Mesmo me sentindo estranha, esquisita por estar sem um peito, o meu sentimento era de felicidade, porque eu ia poder voltar para a atividade física, eu ia poder fazer coisas simples, como tomar banho sozinha, cozinhar, cuidar dos meus filhos, dirigir… Então foi alegria total e principalmente gratidão”, relembra Karina com misto de emoção e felicidade.
Daniela já tinha casos de câncer na família e, quando descobriu um nódulo, já se preparou para o pior. “Eu já esperava que fosse câncer mesmo. Ainda meio tonta com a notícia, comecei tratamento com quimioterapia e também fiz radioterapia, totalizado entre seis e sete meses, porém continuo tomando medicação até abril deste ano, quando vou completar cinco anos de tratamento”, compartilha emocionada sobre o tempo de vitórias.
Caminhada “Movimente-se”
Mais uma vez, as histórias de Karina Rocha e Daniela Prado se unem. A primeira, em parceria com a sua médica mastologista Rosemar Macedo, está na organização da Caminhada Movimente-se, que será realizada no próximo sábado (25), a partir das 4h30. Daniela, assim que soube da ação, pelo seu médico oncologista Leandro Gonçalves, se prontificou imediatamente a ir e dar corpo ao movimento.
Cerca de 150 pessoas, sendo quase 50 pacientes, estarão reunidas com um objetivo comum: conexão espiritual (independentemente de religião), autocuidado e conscientização. “Foi essa a ideia de Goiás começar o Ano Rosa, porque muito se fala de câncer de mama em outubro, no mês de campanha, mas isso, na verdade, deve acontecer durante o ano inteiro, durante toda a nossa vida. É um processo, não só no mês de outubro, mas sempre”, pontua Karina Rocha.
Cenário do câncer de mama no Brasil
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima quase 74 mil novos casos de câncer de mama, no Brasil, para o triênio 2023-2025. 40% dos diagnósticos em câncer de mama são realizados em mulheres abaixo de 50 anos e esse tipo de neoplasia é a principal causa de morte por câncer, entre as mulheres.
Atualmente, pelo sistema suplementar de saúde, mulheres a partir dos 40 anos de idade podem fazer mamografia anualmente, seguindo recomendações de diversas entidades médicas, entre elas, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). No SUS, a mamografia, que é o exame padrão ouro para diagnósticos precoces, só é recomendada entre 50 e 69 anos, a cada dois anos.