Entenda como lidar com as mudanças do corpo e sintomas da menopausa
Médica ginecologista do Einstein Goiânia fala sobre os desafios das mulheres que entram na era da síndrome climatérica e o que fazer para um melhor bem-estar durante este período
Falar sobre a menopausa ainda pode ser considerado um tabu na sociedade brasileira. Essa fase da vida da mulher é marcada por sintomas e mudanças corporais desafiadoras. De acordo com um estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Faculdade de Medicina do ABC, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Pavia, na Itália, e publicado na revista científica Climacteric, a mulher brasileira entra na menopausa, em média, aos 48 anos, com o início da transição e a irregularidade menstrual começando aos 46 anos.
Os sintomas da menopausa afetam mais de 70% das mulheres e podem ser aliviados. No entanto, os estudos indicam que apenas 52% delas buscam algum tipo de tratamento, e, entre essas, somente 22% optam pela terapia de reposição hormonal. As demais recorrem a alternativas, como o uso de antidepressivos e terapias complementares.
Segundo a médica especialista em ginecologia endócrina e reprodutiva do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, Marta Franco Finotti, a menopausa marca o fim da vida reprodutiva feminina, caracterizada pela cessação da menstruação devido à falência ovariana, e seus sintomas são variados. “As mulheres podem experimentar ondas de calor e sudorese noturna, alterações no sono, mudanças de humor, dificuldade de concentração, dor ao urinar, ressecamento vulvovaginal, redução da libido, entre outros sinais”, explica.
A duração dos sintomas pode variar tanto em intensidade quanto em tempo, podendo durar meses ou até anos para cessar completamente. As ondas de calor, por exemplo, que são um dos sintomas mais característicos da menopausa, ocorrem em 80% das mulheres, sendo mais intensas e frequentes nos primeiros cinco anos. Para muitas, esses sintomas afetam negativamente a qualidade do sono, causam irritabilidade, dificuldade de concentração e impactam a qualidade de vida. “Mas a boa notícia é que podem ser tratadas e controladas com terapia hormonal, antidepressivos e outras drogas que estabilizam o sistema termorregulador”, comenta a médica.
Para tratar os sintomas da menopausa com terapia hormonal, diferentes hormônios podem ser utilizados, isoladamente ou em combinação (estrogênios, progestagênios, testosterona), e administrados por várias vias (oral, transdérmica, percutânea, vaginal, intrauterina), com diferentes formulações e doses. “É essencial avaliar previamente se existem contraindicações ao uso da terapia hormonal. O tratamento é sempre individualizado. Caso haja contraindicações ou se a mulher preferir não usar hormônios, é possível recorrer a medicamentos não hormonais, indicados para cada sintoma específico”, reforça a especialista do Einstein Goiânia.
Saúde mental e sexual
Além dos sintomas físicos, a menopausa também pode afetar a saúde mental das mulheres. A fase que precede a menopausa, chamada de perimenopausa, é conhecida por uma maior propensão ao desenvolvimento de depressão, e alguns estudos sugerem que a transição menopausal pode ser uma “janela de vulnerabilidade” para mulheres mais sensíveis às flutuações hormonais do ciclo menstrual.
Marta explica que a terapêutica hormonal tem propriedades farmacológicas que podem ajudar a melhorar os sintomas emocionais e a depressão durante a perimenopausa. “A combinação de terapia hormonal com antidepressivos parece ter um efeito sinérgico no tratamento da depressão em mulheres na menopausa. Os antidepressivos e a terapia cognitivo-comportamental são considerados a primeira opção para pacientes com depressão maior na pós-menopausa”, afirma a especialista.
Outro aspecto sensível para as mulheres nessa fase é a falta de libido. As disfunções sexuais são mais prevalentes durante a transição menopausal devido às alterações hormonais. Queixas comuns, como ressecamento vaginal, dor durante a relação sexual (dispareunia), diminuição do desejo sexual e dificuldades para atingir o orgasmo, devem ser avaliadas e tratadas clinicamente para preservar a qualidade de vida.
“A síndrome geniturinária da menopausa afeta uma grande porcentagem de mulheres na pós-menopausa, com impacto negativo sobre a qualidade de vida e a função sexual. Tanto a terapêutica hormonal sistêmica quanto a terapia estrogênica vaginal em baixas doses melhoram a lubrificação, o fluxo sanguíneo e a sensibilidade dos tecidos vaginais, promovendo uma melhora significativa na função sexual dessas mulheres”, finaliza a especialista.