Orum Aiyê Quilombo Cultural realiza a sexta edição do Mercado de Àkesán, com a exposição “Aláfia – No trançar da ancestralidade”, da artista visual Rafaela Rocha
No sábado, 27 de julho, a partir das 16h, o Orum Aiyê Quilombo Cultural abre suas portas para a sexta edição do Mercado de Àkesán. O evento terá como atrações a exposição individual “Aláfia – No trançar da ancestralidade”, da artista visual Rafaela Rocha; apresentação musical de Milca Francielle, às 19h; além de uma pequena “Feira Preta”, com produtos de artistas negros goianos, como cachaças artesanais, quadros, moda afro, literatura e gastronomia. O acarajé, tradicional da culinária afro-brasileira, será servido às 16h, no início do evento. A entrada é gratuita. O quilombo se localiza na região Norte de Goiânia, no Residencial Nossa Morada.
“Aláfia – No trançar da ancestralidade” é uma série artística da criadora Rafaela Rocha inspirada na cultura afro-brasileira, especialmente o Candomblé e os Orixás. As técnicas utilizadas nas obras incluem macramê, bordado e outros métodos de trançado, feitos com materiais naturais como búzios, conchas, pedras, sementes, barbante ecológico, miçangas e sisal. Cada obra tem o intuito de transmitir referências de fé, ancestralidade, oralidade, saberes e cultura popular, presentes em nosso cotidiano e representativos da cultura negra.
Com curadoria de Raquel Rocha, a coleção busca transcender emoções e expressar a afro religiosidade dos Orixás no Brasil e em Goiânia como uma forma de arte e ato político, enfrentando a intolerância e preconceito contra pessoas negras e de terreiro. O termo “Aláfia” significa “caminhos abertos” em iorubá.
Alicerçando a luta antirracista
O Mercado de Àkesán nasce do desejo dos produtores culturais e artistas Marcelo Marques e Raquel Rocha de realizar um evento afrocentrado com o propósito de gerar mais possibilidades de renda para afroempreendedores, contribuir para a valorização da produção artística em Goiás e potencializar trocas trazendo artistas de outros estados e nacionalidades. “Vale lembrar que a cultura dos povos negros tem sido histórica e sistematicamente negada pelas estruturas racistas que são hegemônicas nos locais poder. Com isso o Mercado de Ákesàn visa subverter essa ordem pensando por um viés afirmativo, no qual o protagonismo negro é o foco”, compartilha Raquel Rocha, que complementa: “Trazer talentos reconhecidos para nosso Quilombo cultural alicerça a nossa luta antirracista e colabora para a promoção da arte preta. Ao mesmo tempo, fortalece a construção de novas subjetividades para as demais pessoas negras que frequentam o Orum Aiyê”, comenta Raquel sobre a escolha das atrações.
O nome do mercado faz referência a um cargo de Exú na Nigéria, que é o senhor do movimento, dos encontros e das encruzilhadas. Segundo Raquel Rocha, “O evento traz as intersecções de diversas práticas culturais. Além das atrações artísticas, a Feira Preta, que nesta edição acontece de forma reduzida, mas não menos atraente, tem o propósito de proporcionar esse acesso a produtos diferenciados, feitos por mãos pretas, e que nem sempre estão disponíveis nos ambientes de comércio mais comuns.”, compartilha a produtora e artista.
Sobre o Orum Aiyê Quilombo Cultural
Fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, o Orum Aiyê Quilombo Cultural é um espaço de resistência afrocentrada, promovendo ações anti-racistas e afirmativas que empoderam a produção artística preta. Localizado na região Norte de Goiânia, o quilombo atua em diversas frentes, como Artes Visuais, Circo, Teatro e Educação.