Dia Nacional da Imunização: infectologista explica sobre a importância da vacinação ao longo da vida, principalmente na idade adulta

Além da vacinação infantil, imunizantes para adultos e idosos, disponíveis nas redes pública e privada, podem prevenir diversas doenças, como pneumonia, coqueluche, influenza, herpes zoster, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outras. 1-3,10

Nessa época do ano, durante o período outono-inverno, aumenta a incidência de doenças respiratórias. Casos de VSR estão em alta no país em crianças pequenas, mas o vírus também pode ser preocupante em adultos mais velhos, principalmente em pessoas com condições crônicas de saúde. 4-7

 O número de internações causadas por herpes zoster também cresceu no Brasil. De acordo com o DataSUS, foram registrados 2.600 casos de hospitalizações pela doença em 2023. 15

 Em 9 de junho, comemora-se o Dia Nacional da Imunização, sendo uma relevante data para conscientizar sobre a importância da vacinação e valorizar essa intervenção de saúde que salva milhões de vidas anualmente.8,9 Para cada fase da vida – seja bebê, criança, adolescente, gestante, adulto ou idoso -, existem diversas vacinas recomendadas e disponíveis no país. 1-3,10

O Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente mais de 20 imunizantes que protegem contra mais de 25 doenças para todos os públicos, desde recém-nascidos até a terceira idade. 2,10 Na rede privada também estão disponíveis vacinas para a imunização de todas as faixas etárias, complementando o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunizações (PNI). 1,3

 Segundo a infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), à medida que os indivíduos envelhecem, seu sistema imunológico sofre alterações contínuas, e essas mudanças, associadas ao envelhecimento, caracterizam o processo chamado de imunossenescência. Esse processo de envelhecimento do sistema imunológico contribui para um aumento no risco de infecções e de evolução para formas graves de doenças.11 “É importante relembrar que existem imunizantes para vacinação de adultos e idosos para prevenção de diversas doenças, nas redes pública e privada, como doença pneumocócica, coqueluche, tétano, difteria, influenza, herpes zoster, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outras. A recomendação vacinal leva em conta, entre outros fatores, a idade e o histórico vacinal de cada indivíduo. Caso apresente uma doença crônica, é ainda mais importante conversar com seu médico sobre as vacinas que necessita realizar”.

VSR e os riscos para a população 60+

Um desses vírus que podem trazer diversos riscos para a população adulta e idosa é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e, com a chegada do frio, a preocupação aumenta. No outono e no inverno há variação de temperatura ao longo do dia, e devido às chuvas e frio, as pessoas tendem a ficar em locais fechados, sem ventilação adequada e muitas vezes em aglomerações, favorecendo o aumento da circulação de vírus e bactérias, como o VSR. 4-6,12

Segundo o site InfoGripe que monitora dados de notificação de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, tendo como fonte dados do sistema Sivep-gripe da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, até a Semana 19 que se encerrou em 11/05/2024, 41,3% dos casos reportados de SRAG em 2024 foram VSR. O relatório trouxe também dados das semanas 16 a 19, período de maior circulação do vírus nesse ano, chegando a 55,7% dos casos de SRAG terem como agente identificado o VSR. 16

“Esses dados mostram que o Virus Sincicial Respiratório co-circula com diversos outros vírus respiratórios, mas impactou mais do que Influenza A, Influenza B e SARS-COV-2 somados durante as semanas epidemiológicas 16 e 19 desse ano. Por isso, é importante ter atenção e cuidado nessa época do ano. Os adultos raramente são testados para o VSR e, como os sintomas podem ser confundidos com um resfriado, como coriza, tosse, febre e mal-estar, a doença acaba sendo pouco conhecida e é subdiagnosticada. No entanto, a letalidade em idosos no Brasil, segundo dados de vigilância epidemiológica, é maior do que em crianças, chegando a ser até 20 vezes maior em adultos com 60 anos ou mais”, explica Dra. Lessandra, e complementa:

 “Assim como a gripe e a COVID-19, o Vírus Sincicial Respiratório pode ser facilmente transmitido através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, contatos próximos, como beijo, ou por superfícies contaminadas. É um vírus comum, altamente contagioso, e pode afetar o sistema respiratório, como nariz, garganta, brônquios e pulmões. Pessoas infectadas geralmente transmitem o vírus por até oito dias e, além disso, podem propagá-lo um ou dois dias antes de começarem a apresentar os primeiros sinais da doença. No entanto, alguns indivíduos, especialmente aqueles com sistema imunológico enfraquecido, podem continuar disseminando o vírus mesmo depois de cessarem os sintomas, por até quatro semanas.

Muito conhecido por pais de crianças pequenas por ser um dos principais vírus associados à bronquiolite, o VSR também pode ser grave para a população acima de 60 anos, principalmente naqueles que possuem condições crônicas de saúde pré-existentes, também chamadas de comorbidades, e que podem ocasionar diversas complicações e infecções sérias, como pneumonia.7,12 As condições crônicas de saúde que levam ao maior risco de hospitalização podem incluir diabetes, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), asma e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC). 7,13,14

Casos de herpes zoster também crescem no país

 De acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), do Ministério da Saúde, via DataSUS, houve um aumento de 10,6% no número de internações hospitalares registradas causadas pelo herpes zoster em 2023 em relação ao ano anterior. Foram 2.600 casos registrados.15 A doença é causada pela reativação do vírus varicela zoster, que costuma ser adquirido ainda na infância através da catapora, e já pode estar presente no organismo de cerca de 94% dos brasileiros adultos.17,18 O sintoma mais característico do herpes zoster é a dor provocada pelas lesões cutâneas, que podem surgir em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentes no tórax, no abdômen e na face, seguindo os trajetos dos nervos.19,20

A alta nos diagnósticos do herpes zoster pode estar relacionada ao envelhecimento da população. Segundo dados do IBGE, através do Censo 2022, o total de idosos no Brasil cresceu 57,4% em 12 anos, e o varicela zoster tende a se manifestar com o avanço da idade, principalmente, a partir dos 50 anos, quando começa a ocorrer um declínio natural do sistema imunológico.19-21

Dra. Lessandra alerta: “É muito importante que as pessoas, principalmente os idosos, conheçam mais sobre o VSR e o herpes zoster, seus riscos, formas de prevenção disponíveis e procure um médico caso tenham sintomas. Muitas pessoas ainda desconhecem os riscos dessas doenças. Muitos menosprezam os sintomas e sequelas do herpes zoster. Algumas doenças preveníveis por vacina podem ser graves em adultos, provocar quadros clínicos incapacitantes, trazer impactos a longo prazo e até levar ao óbito”.

 

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