A Escola de Dramaturgas em Goiás é a primeira do Brasil e suas aulas tiveram início em março e seguem até julho, sendo que ao final haverá o lançamento de um livro com textos inéditos das alunas participantes.

De 21 a 24 de maio, a Escola Latino-americana de Dramaturgias Emergentes, de Aparecida de Goiânia, receberá as dramaturgas equatorianas Bernarda Salas e Elizabeth Valéria, do Colectivo Escénico Multidisciplinar BerVal, que vêm ao Brasil especialmente para o terceiro módulo do projeto da Escola Latino-americana de Dramaturgias Emergentes, que tem como principal objetivo impulsionar a escrita de mulheres para a cena. O tema a ser abordado nestas aulas será o de “Narrativas para a Infância”.

O projeto da Escola Latino-americana de Dramaturgias Emergentes conta com recursos da Lei Paulo Gustavo do Governo Federal, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, através do edital nº15/2023 – Ações Formativas em Goiás.

Com início em março e fim das aulas em julho, ao todo estão sendo ofertados cinco módulos mediados por dramaturgas brasileiras e de mais três países latino-americanos. Ao final da formação, um livro com dramaturgias inéditas será publicado como resultado das atividades de formação da Escola.

As dramaturgas equatorianas convidadas

BERNARDA Salas é gestora cultural e produtora teatral. Mestre em Gestão Cultural e Indústria Cultural pela Universidade Alcalá de Henares, de Madri (2019), Mestre em Atuação Teatral, pela Universidade Equador Central (2018) e graduada em Atuação Teatral, pela Universidade Equador Central (2013), sua trajetória está ligada à sua constante pesquisa sobre as diversas expressões teatrais. juntamente com Elizabeth Valéria criou o Coletivo BerVal, que nasceu da preocupação das duas artistas performáticas com a motivação para o “fazer teatral”. Por isso o trabalho de ambas passa pela investigação do espaço cênico enquanto lugar de integração de outras disciplinas, incluindo a psicologia, para promover a criação artística e valorizar a expressão e percepção sensorial, tanto das atrizes em cena quanto do espectador. As apresentações teatrais do BerVal têm conteúdo artístico, psicológico e social.

Elizabeth VALERIA é artista da cena e psicóloga clínica. Mestre em Teatro com ênfase em Direção Cênica, pela Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, Elizabeth trabalhou como facilitadora em oficinas de formação de atores para pessoas com deficiências intelectuais e autismo, além de ter sido docente na Universidad Central del Ecuador. Sua participação no Coletivo BerVal tem justamente o propósito de criar essa atitude objetiva nos processos criativos, que combina os valores subjetivos e intuitivos que são fundamentais na criatividade, vinculando com precisão as pesquisas científicas que podem servir a esse propósito do fazer cultural.

Narrativa para Crianças ou Narrativas para a Infância – Para a criança, não basta a mera apreciação teatral

Segundo a dramaturga Takaiuna, idealizadora do projeto da Escola de Dramaturgas, a escrita do texto teatral, em geral, está mais ligada à performance do que à literatura, especialmente quando se trata de textos direcionados ao público infanto-juvenil. Isso porque a criadora entende dramaturgia como a concepção de um drama destinado à cena, ou seja, à representação cênica de ações, que envolvem conflitos reais, ou não. Portanto, o texto teatral se torna performance desde sua gênese, e mais ainda quando a obra é voltada para um público que demanda interação.

Para além disto, Takaiuna reflete sobre o módulo “Narrativas para Crianças” como uma formação indispensável para todas as dramaturgas, isto porque a criança interage com o teatro de uma forma diferente do espectador adulto. Basicamente, a criança prioriza a sua própria ação naquele espaço lúdico, ao contrário da mera apreciação. Sobre isso ela comenta: “A experiência estética das crianças está ligada ao contato direto com o mundo, com pessoas e com a natureza. Por essa razão, interagir com crianças através de um texto teatral, tanto as que ainda não cresceram fisicamente, quanto aquelas que ainda residem nos adultos, pode provocar mudanças que se prolongam no tempo e na existência desse ser humano, gerando novos olhares culturais e sociais para temas dos mais diversos. E esse é o grande poder da arte: transformar pensamentos e olhares sobre o mundo.”

É por isso que o módulo “Narrativas para Infância” se preocupou em buscar mediadoras dramaturgas que conseguissem falar sobre teatro sob uma ótica transdisciplinar, perpassando a psicologia e a pedagogia, além dos conteúdos que já estão intrínsecos ao fazer teatral.

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