Combate e prevenção ao câncer

O Dia Mundial do Câncer lembrado neste domingo,  (04/02),  foi instituído pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) — uma organização internacional não-governamental com sede na Suíça que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países—, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). A data tem como principal objetivo trazer maior conscientização sobre a doença, promovendo ações de educação e diálogo com governos. Este mês também contempla o calendário com o Dia Internacional do Câncer Infantil (15/02).

Outra pretensão do Dia Mundial do Câncer é unir nossas vozes e entrar em ação, fortalecendo alianças, buscando colaborações inovadoras e celebrando avanços reais em diferentes esferas. É também uma oportunidade de alertar a sociedade sobre a importância de ações em conjunto dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e toda sociedade civil organizada, para falar sobre equidade e garantir acesso à prevenção e redução de riscos, à detecção precoce, ao diagnóstico e ao tratamento e cuidado do câncer.

No Brasil, a iniciativa é protagonizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), instituição parceira da UICC, para influenciar a mobilização de governos e indivíduos para o controle do câncer. Dentro da proposta da campanha deste ano, a importância da equidade no controle do câncer vai abordar as barreiras que impedem as pessoas em todo o mundo de ter acesso aos cuidados fundamentais para o tratamento da doença.

O Inca considera o câncer um problema de saúde pública e, de acordo com a instituição, houve um aumento de 20% na incidência, sendo que para 2030 espera-se que sejam registrados mais de 25 milhões de novos casos. Estimativas do número de casos novos de câncer são uma ferramenta poderosa para fundamentar políticas públicas e alocação de recursos para a promoção do combate à doença. A vigilância do câncer é um elemento crucial para planejamento, monitoramento e avaliação das ações de controle do câncer.

De acordo com a UICC, caso não sejam tomadas medidas urgentes para aumentar a conscientização sobre o câncer e desenvolver estratégias práticas para lidar com a doença, em 2025 deverão ocorrer 6 milhões de mortes prematuras por câncer. A estimativa é de que, anualmente, 1,5 milhão de mortes por câncer poderiam ser evitadas com as medidas adequadas para atingir a meta “25 para 25” da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa reduzir as mortes prematuras por doenças não transmissíveis em 25% até 2025.

Conforme dados do Inca, lamentavelmente, para este triênio (2023-2025), são esperados 704 mil novos casos de câncer. Excetuando o câncer de pele não melanoma, ocorrerão 483 mil casos novos. O câncer de mama feminina e o de próstata foram os mais incidentes com 73 mil e 71 mil casos novos, respectivamente. Em seguida, o câncer de cólon e reto (45 mil), pulmão (32 mil), estômago (21 mil) e o câncer do colo do útero (17 mil).

Tratamento em Goiás 

Em Goiás, de acordo com o diretor do Hospital Araújo Jorge, Jales Benevides, que está à frente deste que é o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia de Goiás, onde 92% da demanda atendida é pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os recursos nem sempre são suficientes, especialmente devido à defasagem da tabela SUS, que não paga a integralidade do tratamento.

Benevides alerta que a tabela SUS não era reajustada há mais de 20 anos. Só agora em janeiro, o presidente Lula sancionou o projeto que determina a revisão anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao SUS, e a tabela será revisada em dezembro de cada ano.

Entretanto, a incidência de várias doenças está aumentando, porque a população está exposta a determinados agentes que estão no ar, no alimento, na água, no ambiente. O tabagismo, a radiação solar, o uso de alimentos que não são saudáveis, a obesidade, todos esses são fatores de risco para o câncer. São pacientes sadios que estão expostos a esses fatores de risco e podem desenvolver o câncer.

O presidente revela que o Hospital Araújo Jorge só consegue manter seus atendimentos devido às emendas parlamentares e doações que recebem. Ao fazer o balanço, a unidade referência em Goiás informou que realizou, somente no ano de 2023, cerca de 73 mil atendimentos de pacientes do Estado e de diversas regiões do País.

Ao comentar sobre os tratamentos atuais para o câncer, o diretor do Hospital Araújo Jorge disse que existem avanços com a ciência trabalhando pela vida com cirurgias minimamente invasivas, a reconstrução mamária quando se fala do câncer de mama, o diagnóstico precoce, novos medicamentos, imunoterapia, entre outros avanços, nos quais é aplicada tecnologia nas modalidades do tratamento de câncer.

“Do ponto de vista do tratamento, ao longo dos anos tivemos avanços nos três pilares: cirurgia oncológica, com métodos menos invasivos e até com o uso de robôs; quimioterapia, com drogas com menos toxicidade; e radioterapia com tecnologias mais avançadas e precisas, diminuindo o número de sessões e os efeitos colaterais ao paciente. Além disso, há de se comemorar a incorporação de novos medicamentos para o tratamento do câncer pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que vai ajudar muitas pessoas em tratamento no Brasil”, ressaltou Benevides.

Câncer infantil

Durante entrevista à equipe de reportagem da Agência de Notícias da Alego, a hematologista pediátrica, Vanuza Maria, avaliou que o câncer infantil é um problema de saúde pública por ter incidências crescentes, a gente tem cada vez mais tratamento e novas opções terapêuticas e tem vivido um momento importante com relação à chance de cura da doença. Então, o objetivo é chamar a atenção para a doença, para que possamos fazer o diagnóstico precoce, com as famílias e as crianças chegando o quanto antes para serem tratadas e sobretudo acolhidas.

Os cânceres infantis mais comuns variam um pouco de acordo com a faixa etária, mas via de regra são os tumores do sistema nervoso central, os cânceres do sangue, que são as leucemias, os linfomas, que são dos tecidos linfáticos, e os cânceres dos tecidos conectivos, que são os sarcomas de parte óssea e tecidos estruturais.

Os cânceres adulto e infantil são bastante diferenciados. “A gente fala que não existe semelhança entre eles, pois eles são extremamente diferentes. Diversamente do adulto, o câncer infantil não está relacionado com o estilo de vida. Na infância, à exceção de raríssimos casos, não existe um culpado ou predeterminação para a doença. Ele é uma alteração genética que predispõe ao proliferamento da célula, seja no crânio, na medula óssea, nos ossos ou em algum músculo. Então a gente não tem uma causa para o surgimento do câncer infantil”.

O câncer infantil não tem sintomas específicos, por isso a importância da criança ter acompanhamento pediátrico constante. Mas normalmente o que a gente deve observar é se a criança está brincando, comendo normalmente, se ela tem queixas de dores de cabeça, vômitos inexplicáveis, palidez, febre persistente, caroços pelo corpo, roxos e manchas sem explicação. Nesses casos, essa criança precisa de uma avaliação imediata. A avaliação clínica é determinante para que seja feito o diagnóstico o mais precocemente possível e, portanto, os pais devem manter seus filhos nas consultas de rotina com o médico pediatra.

Hoje a oncologia pediátrica no Estado de Goiás não tem fila de espera. “É importante avaliar que estamos vivenciando uma melhoria de assistência na qualidade da saúde e na capacidade de diagnóstico, por conta disso a gente tem visto um aumento no número de casos relacionados à melhoria da assistência à saúde”.

Só nos últimos três anos, a pediatria do Hospital Araújo Jorge recebeu 3.500 pacientes, atendendo toda a demanda do SUS de crianças e adolescentes com câncer, regulados para o Estado de Goiás. Nesse período foram realizadas mais de 20 mil consultas, lembrando que não há fila de espera para a primeira consulta. No setor foram realizadas mais de 30.205 aplicações de quimioterapia, além de 7.543 aplicações de radioterapia. Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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