MIDR investe R$ 1,6 milhão na construção da primeira escola de mestres queijeiros do Brasil
A estruturação da cadeia produtiva do leite é um dos focos do Programa Rotas de Integração Nacional, que visa estimular o empreendedorismo, o cooperativismo e a inclusão produtiva, possibilitando que os produtores trabalhem em conjunto, ganhem escala e possam comercializar com outras localidades, estados e até países. Por esse motivo, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), investiu mais de R$ 1,6 milhão na construção da primeira escola para a formação de mestres queijeiros no Brasil, localizada na cidade de São Roque de Minas (MG). A obra está com 76% de execução e tem inauguração prevista para o próximo ano.
O projeto, executado em parceria com a Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan) e a Prefeitura de São Roque de Minas, tem como objetivo difundir diversos conhecimentos relacionados ao queijo a produtores da região da Serra da Canastra e de outros locais do País. Quando concluída, a unidade terá capacidade de receber até 80 alunos e também contará com um centro de pesquisas para identificação dos queijos produzidos na região da Canastra. No momento, uma sala de aula e um laboratório já foram concluídos e alguns cursos já estão sendo realizados, com turmas de até 30 pessoas.
Na região sudoeste de Minas Gerais, onde fica a Serra da Canastra, a maior parte do queijo é produzida em pequenas propriedades rurais em áreas de baixa renda, onde a atividade é vital para a subsistência. Atualmente, cerca de 800 produtores da região da Canastra produzem cerca de 16 toneladas de queijo por dia, segundo dados da Aprocan.
De acordo com a secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Adriana Melo, a criação da escola vai contribuir para o desenvolvimento regional do sudoeste de Minas. “A fabricação de queijos de alta qualidade é um dos objetivos da Rota do Leite no estado. A escola de mestres queijeiros é uma iniciativa que vai disseminar as melhores práticas na produção de queijo no estado, elevando assim a qualidade do produto”, afirmou Adriana.
Os cursos seguirão uma abordagem modular, cobrindo uma ampla gama de temas essenciais para a produção de queijos. O tempo de duração será variável, dependendo do foco de cada curso. As atividades irão abranger temas como o manejo dos animais na fazenda, cuidados, alimentação, boas práticas de ordenha, fabricação, maturação e até mesmo estratégias de embalagem e exposição dos queijos nas lojas. A formação também incluirá orientações sobre harmonização e métodos apropriados para apreciar a degustação de queijos.
“Em resumo, nossos cursos vão abranger todas as etapas, desde o trabalho inicial na fazenda até a experiência final na mesa do consumidor. A ideia da escola é principalmente agregar valor ao produto artesanal”, destaca o gerente de Projetos da Aprocan, Higor Freitas.
Embora o destaque seja o curso sobre os queijos minas artesanais e Canastra, a oferta educacional irá além. Também serão incluídas aulas teóricas e práticas sobre a produção de outros tipos de queijos, bebidas lácteas e até mesmo técnicas para o aproveitamento de queijos com defeitos estéticos, demonstrando uma abordagem completa e inovadora no ramo da produção de laticínios.
Nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro de 2023, será realizado o curso presencial de fabricação e maturação de queijo artesanal de leite cru da canastra. Os interessados podem obter mais informações e fazer sua inscrição pelo perfil no Instagram @mestrariacanastra.
Para Adalberto Almeida, administrador da fazenda Pingo do Mula, em São Roque de Minas, a experiência de fazer o Curso de Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação foi fantástica. “Eu já tinha um pouco de conhecimento pela prática profissional por ser administrador de uma fazenda produtora de queijo minas artesanal da Canastra. O curso me trouxe mais conhecimento técnico para ter mais argumentos, até mesmo para negociar vendas quando um cliente tem uma dúvida técnica ou comum”, informou.
Rota do Leite
Integrante do Programa Rotas de Integração Nacional, a Rota do Leite visa impulsionar o desenvolvimento territorial e regional por meio do fortalecimento da atividade leiteira. Essa estratégia envolve uma série de ações, incluindo a identificação das regiões de destaque na produção de leite no Brasil, bem como a priorização de áreas de acordo com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).
A partir dessa análise, a Rota busca unir esforços entre agentes públicos e privados, buscando uma abordagem conjunta e sinérgica para fortalecer a cadeia produtiva nos territórios selecionados. A Rota do Leite permite também que os queijeiros alcancem maior renda, valorizem seu produto, obtenham certificação e acessem outros mercados.
Atualmente, há seis polos da Rota do Leite no Brasil: Polo APL Lácteo da Região de São Luís de Montes Belos (Goiás), Polo Centro-Sul do Mato Grosso do Sul (Mato Grosso do Sul), Polo Sertão Central e Vale Jaguaribano (Ceará), Polo APL Fronteira Noroeste (Rio Grande do Sul), Polo Vialacto da Região da Produção (Rio Grande do Sul) e Polo do Queijo Potiguar (Rio Grande do Norte).