Medicamentos para câncer mama só são indicados para alto ou altíssimo riscos. Efeitos colaterais para casos menores não vale à pena
O uso de medicamentos para reduzir o risco de se ter câncer de mama é utilizado em algumas circunstâncias. Essa finalidade chamamos de “farmacoprofilaxia”. Entre os principais medicamentos estão o tamoxifeno, o haloxifeno e também os inibidores da aromatase.
Para se ter uma ideia, é preciso entender qual o risco de uma mulher ter câncer de mama ao longo da vida, o que chamamos de Lifetime Risk, estimado na população em geral em torno de 10%.
Segundo o MD, Ph.D. e mestre em Oncologia, Dr. Wesley Pereira Andrade, médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), os medicamentos só serão indicados aos casos onde o risco é de pelo menos 20%.
Na opinião do médico, estes medicamentos, em contrapartida, apresentam alguns efeitos colaterais que acabam limitando o uso deles. “Qual que é o princípio do câncer de mama? O câncer de mama é um hormônio dependente, o estrógeno que a mulher produz, que a faz ser mulher, desenvolver os caracteres sexuais femininos, ter o desejo sexual e outros fatores como o desempenho de memória, massa muscular, qualidade de vida, etc. Os medicamentos para reduzir o risco de se ter câncer de mama são anti estrógenos. Logo, se paga um preço por isso. Então, vamos ter problemas em relação a libido, secura vaginal, irritabilidade, o que vai acabar limitando a qualidade de vida desses pacientes”, adverte o especialista.
De acordo com o oncologista, o tamoxifeno, por sua vez, também aumenta um pouco o risco de se ter um câncer de endométrio e de trombose. “Então, quando colocamos na balança risco e benefício, reforçamos então que só está indicado para pacientes de alto risco ou altíssimo risco!”, alerta.
Para ele, mesmo nessa população que tem a indicação, muitas mulheres optam por não os utilizar e, algumas que começam, apresentam esses efeitos colaterais e acabam declinando do uso.