A importância de transformar lutas em conquistas no mês do orgulho LGBTQIA+

Docente da Estácio fala sobre a celebração e avanços na busca por igualdade, dignidade e respeito

No mês de junho, um mês especial de celebração e luta pelos direitos da população LGBTQIA+, é um momento em que as organizações, empresas e o governo incentivam a refletir mais sobre a importância de como tratar todas as pessoas com respeito e dignidade, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Por isso, é importante entender os avanços conquistados pela comunidade, os desafios ainda enfrentados e a necessidade contínua de transformação. No entanto, mesmo no século XXI, ainda testemunhamos a marginalização, a invisibilidade e o silenciamento daqueles que simplesmente desejam o direito de existir como são.

A Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, marca um ponto de inflexão histórico para os movimentos pelos direitos LGBTQIA+. Nessa data, a polícia invadiu bares frequentados por pessoas LGBT em Nova York, desencadeando uma onda de resistência e protestos. Desde então, a comunidade LGBTQIA+ tem mostrado uma incrível determinação, coragem e resiliência na busca por igualdade e justiça.

Segundo a professora de direito da Estácio e mestra em história, Anne Caroline Fernandes, essa busca tem gerado avanços significativos em muitas partes do mundo. “O reconhecimento do casamento igualitário, por exemplo, tem se expandido globalmente, permitindo que casais LGBTQIA+ desfrutem dos mesmos direitos e proteções legais que casais heterossexuais. Além disso, leis antidiscriminação têm sido promulgadas em diversos países, visando proteger os direitos fundamentais da comunidade”, indica.

Um exemplo inspirador de força e liderança é a primeira deputada federal transgênero e negra eleita no Brasil, Erika Hilton. “A deputada se tornou um símbolo de esperança para a comunidade e tem usado sua plataforma para promover a conscientização sobre as questões enfrentadas por pessoas transgênero e para combater o estigma e a discriminação”, cita a mestra. Sua voz tem sido fundamental na luta por direitos iguais e na busca por uma sociedade mais inclusiva, em um país que há 13 anos está no topo da lista dos países que mais matam pessoas trans no mundo, segundo o último relatório da Transgender Europe (TGEU).

Apesar dos progressos alcançados, a docente explica que a comunidade LGBTQIA+ ainda enfrenta desafios significativos. “Dados recentes revelam que a violência e a discriminação continuam a ser uma realidade para muitas pessoas LGBTQIA+ em diferentes partes do mundo. Segundo os relatórios, a cada ano aumentam os casos de agressões físicas e verbais motivadas por preconceito e ódio. Essa realidade nos alerta para a importância contínua de combater a homofobia, a transfobia e a bifobia em todas as suas formas”, argumenta.

Além disso, a luta por direitos legais e igualdade ainda persiste, reforça a historiadora. “Muitos países não reconhecem plenamente a identidade de gênero das pessoas transgênero e limitam seu acesso a serviços básicos de saúde e direitos legais. Essas questões estruturais exigem uma atuação contínua por parte de ativistas, defensores dos direitos humanos e aliados para garantir que todas as pessoas LGBTQIA+ tenham seus direitos protegidos e respeitados”, critica.

Para a professora, a educação é o principal agente para promover reflexões conscientes e resistência em relação a essa população. “Reconhecer a diversidade de pessoas que somos, assim como as diferentes formas de amar e existir, é uma parte fundamental da busca pela cidadania e pelo acesso à justiça, tão perseguidos por todos”, revela.

“É essencial que a educação e a conscientização desempenhem um papel central nesse processo de transformação. Por meio de programas educacionais inclusivos e abrangentes, podemos combater o estigma e a ignorância, promovendo uma cultura de respeito e aceitação. Devemos reconhecer a diversidade das identidades de gênero e das orientações sexuais, valorizando-as como partes integrais da rica tapeçaria humana”, complementa Anne.

No mês do Orgulho LGBTQIA+, celebramos as conquistas da comunidade e reafirmamos nosso compromisso de continuar lutando por um mundo mais igualitário, onde todas as pessoas possam viver com dignidade e orgulho. “Olhando para o futuro, devemos nos inspirar na resiliência e na coragem daqueles que vieram antes de nós, sabendo que a transformação é possível quando nos unimos em prol dos direitos humanos e da justiça social”, finaliza.

Previous Article
Next Article