Compositor de Minas Gerais é o primeiro brasileiro a ganhar um dos mais importantes prêmios de composição para orquestra do mundo
O compositor mineiro Leonardo Silva recebeu neste domingo (12/02), na cidade de Basel, conhecida como a capital cultural da Suíça, o primeiro lugar do 4.º Basel Composition Competition. Ele foi o primeiro brasileiro a ganhar este prêmio, com a obra “Lume”. O valor da premiação de Leonardo Silva foi de 60.000,00 Franco-suíços (cerca de 340.000,00 Reais).
O concurso é considerado um dos mais importantes da música contemporânea no mundo. Um dos motivos deste prestígio é o nível do júri, com compositores de renome internacional que têm sempre músicas tocadas pelas maiores orquestras do mundo. Neste ano o júri foi formado pelos compositores Michael Jarrell (presidente do júri), Toshio Hosokawa, Luca Francesconi, Andrea L. Scartazzini, e Dr. Florian Besthorn (diretor da Fundação Paul Sacher e o único na lista que não é compositor). Toshio Hosokawa, por exemplo, tem uma estreia de um concerto para violino e orquestra com a Filarmônica de Berlim neste dia 2 de março.
Neste ano, a Basel Composition Competition contou com a participação de mais de 250 partituras enviadas por músicos de 47 países, com idade entre 15 e 78 anos. Entre as mais de 250 composições enviadas, 12 foram escolhidas anonimamente para serem tocadas e, destas, 5 para ir à final e serem tocadas novamente. As músicas foram executadas em apresentações públicas pela Basel Chamber Orchestra, Basel Symphony Orchestra e Basel Sinfonietta.
Leonardo Silva acredita que o prêmio conquistado na Suíça poderá trazer bons frutos para a carreira. “Após uma pequena revisão da peça, o que é comum depois de uma estreia, espero que o prêmio abra portas para que outras orquestras se interessem pelo trabalho. Além disso, o valor da premiação ajuda e muito com um projeto que tenho desenvolvido paralelamente no Brasil e que em breve será anunciado ao grande público”, disse.
Biografia
Leonardo Silva tem 33 anos e mora em Berlim, capital da Alemanha. Ele escutou música clássica pela primeira vez em fevereiro de 2008, no concerto que marcou a criação e inauguração da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, com a Nona Sinfonia de Beethoven. Na adolescência, dos 10 aos 18 anos, tocou guitarra e violão nos gêneros pop, rock e heavy metal. Na família de Leonardo não existem músicos, nem mesmo amadores.
Ele se mudou para a Europa em 2013, dois dias depois da festa de formatura em Engenharia da Produção pela UFMG. Na profissão fez apenas um estágio de 8 meses, mas no trabalho de conclusão da universidade sinalizou a inclinação musical, com um estudo de caso sobre gestão no terceiro setor do instituto que dirige a Orquestra Filarmônica de MG. Ainda em Belo Horizonte, cidade natal, teve aulas particulares enquanto estudava Engenharia, com Rubner de Abreu e Rogério Vasconcelos.
Já na Europa, recebeu em 2013 o primeiro prêmio, no- isa-music Festival, organizado pela Universität für Musik und Darstellende Kunst Wien, Conservatório de Música de Viena (Áustria), primeiro destino quando saiu do Brasil. Teve em 2014 os primeiros estudos oficiais, na Zürcher Hochschule der Künste, Conservatório de Música de Zurique (Suíça). Lá fez Mestrado em Composição Musical, sob a orientação de Isabel Mundry.
Em janeiro de 2017 se mudou para Berlim após ter sido contemplado com uma residência artística, por 6 meses, patrocinada e oferecida pelo setor de cultura da cidade de Zurique. Entre 2020 e 2022 fez Pós-Mestrado em Composição na Hochschule für Musik und Theater Felix Mendelssohn Bartholdy, Conservatório de Música de Leipzig (Alemanha).