Com 99,7 milhões de pessoas ocupadas, Brasil tem o menor índice de desemprego desde 2014
O Brasil registrou a menor taxa de desemprego desde 2014 no terceiro trimestre deste ano. De agosto a outubro, a taxa de desocupação foi de 8,3%, um total de nove milhões de pessoas desempregadas. O número representa um recuo de 0,8 ponto percentual frente aos três meses anteriores. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a redução foi de 3,8 pontos percentuais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, Pnad Contínua, divulgada no fim de novembro pelo IBGE.
A população ocupada no trimestre é o recorde da série iniciada em 2012. O país conta com 99,7 milhões de pessoas empregadas. Segundo a coordenadora da Pnad, Adriana Beringuy, “este momento de crescimento de ocupação já vem em curso desde o segundo semestre de 2021. Com a aproximação dos últimos meses do ano, período em que historicamente há aumento de geração de emprego, a tendência se mantém”.
Para o economista, professor e presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), José Luiz Pagnussat, os números indicam uma retomada da economia após o período turbulento causado pela pandemia.
“Os dados divulgados pelo IBGE sobre o mercado de trabalho, dados até outubro, mostram um bom desempenho da economia. A retomada das ocupações é o melhor indicador de retomada do crescimento da economia e isso é bastante significativo do ponto de vista de que só nos últimos 12 meses geramos mais de 5,7 milhões de ocupações”, pontua.
A pesquisa aponta ainda um aumento de 2,3% no número de empregados com carteira assinada no setor privado, somando um total de 36,6 milhões, sem contar os trabalhadores domésticos. São 822 mil pessoas a mais que o registrado no trimestre anterior. Por outro lado, a taxa de informalidade caiu de 39,8%, entre maio e julho, para 39,1%, de agosto a outubro. Segundo a Pnad, o Brasil possui 39 milhões de trabalhadores informais.
A massa de rendimento real habitual também foi recorde da série histórica, que, conforme a pesquisa, chegou a R$ 269,5 bilhões, um crescimento de 4% no trimestre e 11,5% na comparação anual. Pagnussat explica que o crescimento da quantidade de trabalhadores influencia na elevação do salário médio da população. De acordo com ele, esses indicadores mostram um bom desempenho econômico do país em relação ao resto do mundo.
“O impacto desses números na economia brasileira significa que o Brasil está tendo um desempenho diferenciado em relação ao resto do mundo. Quando nós olhamos que a economia brasileira está a cada mês tendo os números revisados para cima, o resto do mundo tem revisado seus dados para baixo em termos de crescimento, em termos de preocupação com a inflação. Enquanto a nossa inflação está em queda há mais tempo, o resto do mundo ainda sofre com o enfrentamento da inflação”, ressalta o presidente do Corecon-DF.
Para o professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ, Rodrigo Leite, os dados apresentados na Pnad Contínua mostram que a economia está se recuperando e que o próximo ano pode ser ainda melhor.
“De modo geral, os resultados do IBGE foram positivos e demonstram que a economia brasileira está se recuperando após esse período de pandemia, e que podemos ver um 2023 melhor. Mas aí vai depender muito de como teremos a inflação, gasto público, taxa de juros, isso tudo que nós veremos com mais propriedade, com mais profundidade e com mais certeza no ano que vem”, analisa.
Diante da tramitação da PEC da transição no Congresso Nacional, que amplia o teto de gastos do novo governo, a deputada federal Celina Leão (PP-DF) destaca a importância da responsabilidade fiscal para a retomada econômica do país.
“Os números refletem a política econômica do governo atual. O menor desemprego desde 2014, a economia sendo retomada e responsabilidade fiscal. E é esse o medo do mercado financeiro, quando se fala em furar teto, em gastar mais do que nós temos. Então, eu acredito que uma política econômica rígida, conservadora, trouxe todos esses índices, trazendo segurança jurídica para quem quer investir no Brasil”, defende Celina Leão.
Destaque para o setor de serviços
De acordo com a pesquisa, o grupamento “comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas”, que faz parte do setor de serviços, foi o principal responsável pela geração de empregos no trimestre, com quase 19,3 mil postos de trabalho. O economista da Diretoria de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, afirma que os números não chegam a ser uma surpresa.
“Do ponto de vista do mercado de trabalho, enquanto o nível de ocupação cresce 6% nos últimos 12 meses, no setor de serviços, esse avanço é de quase 9%. Por ser um setor altamente dependente de mão de obra, quando você tem uma reativação do nível de atividade, isso acaba se traduzindo em um volume maior de contratações”, destaca Bentes.
De acordo com o IBGE, a Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. Segundo o instituto, a amostra da pesquisa por trimestre corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de 2.000 entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e no Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE. (Fonte: Brasil 61)