No Rio, Lula e Gleisi denunciam campanha de Bolsonaro pautada em mentiras
Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (20/10) no Rio de Janeiro (RJ), a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticaram a estratégia política do adversário Jair Bolsonaro de pautar a campanha com base em mentiras e de utilizar a religião, o poder econômico e a máquina pública do Estado brasileiro na busca de votos. A presidenta do PT afirmou ser preciso denunciar esse formato de campanha eleitoral que põe em risco a democracia no Brasil.
“É uma avalanche de mentiras, uma avalanche de fake news e de agressividade. A política deixou de ser espaço onde se discute projeto Brasil, para o outro agredir. Tem compra de voto, é patrão pressionando as pessoas para votar no Bolsonaro. É uma coisa doida que a gente não via no processo eleitoral. Tem que se tomar medidas, não pode ser assim. É uma vergonha o que está acontecendo em termos de processo eleitoral”, disse a presidenta do PT, indignada com casos recentes de pastores que gravam vídeos insistindo na tese falsa de que o presidente Lula quer fechar igrejas. Diferentemente do que as falsas notícias querem fazer crer, Lula teve gestão muito respeitosa com todas as crenças, enquanto foi presidente. Nos seus governos, ele sancionou a Lei da Liberdade Religiosa, o Dia Nacional da Marcha para Jesus e o Dia Nacional do Evangélico. A atuação republicana e estadista foi reconhecida por lideranças evangélicas progressistas em encontro em São Paulo na terça-feira (19/10).
*Entre as medidas eleitoreiras, tomadas em cima da hora para tentar comprar votos e usando a máquina pública como propaganda eleitoral, Gleisi e Lula citaram a liberação de empréstimo consignado associado ao Auxílio Brasil, a liberação de FGTS para e décimo terceiro salário, a menos de uma semana da eleição, com amplo uso de dinheiro para dar publicidade às medidas. Outras medidas eleitoreiras também foram tomadas, como o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 três meses antes das eleições*.
Máquina poderosa de contar mentiras – Na entrevista, o ex-presidente Lula afirmou que o adversário tem uma máquina poderosa de contar mentiras e usa as redes sociais para vender monstruosidades, espalhar fake news e tentar se explicar, como na repercussão da declaração sobre as adolescentes da Venezuela, que ele, preocupado com a repercussão negativa, acordou de madrugada para desmentir o que ele mesmo tinha contado. “Nós sabemos como ele age. O cara é um mentiroso muito profissional. Mente com a maior desfaçatez. Não está preocupado”, disse Lula. “Vamos enfrentar sempre sem entrar no jogo rasteiro e no lamaçal que ele quer nos jogar. Vamos continuar tentando convencer o povo brasileiro de que somos o melhor para o país, de que temos uma experiência acumulada – não só do Lula e do PT, mas do Alckmin que governou 16 anos São Paulo – para a gente retomar a economia”, disse o ex-presidente, destacando o legado de seus governos para resolver os problemas do país que, segundo ele, são maiores hoje do que quando assumiu o primeiro mandato em 2003.
TSE abriu investigação – A máquina de mentiras produzida pela campanha de Bolsonaro levou o corregedor-geral eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Benedito Gonçalves, a determinar a abertura de investigação contra um “Ecossistema de Desinformação Bolsonarista”. O ministro deu prazo para que 47 pessoas apresentem defesa – entre elas, o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. A suspeita é de uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político e econômico, com o objetivo de manipular os eleitores e influenciar o processo eleitoral.