A origem do mundo na cultura Mbyá-Guarani é tema de novo livro da negalilu editora

O lançamento do livro “Teko hypy: a origem do mundo” coincide com a celebração do ano novo Mbyá-Guarani (Ará pyau), no sábado (13/8), às 10 horas, na Livraria Palavrear, em Goiânia. Publicada pela negalilu editora, a obra literária ilustrada e bilíngue difunde a fascinante cosmologia da etnia indígena Mbyá-Guarani, com autoria de Ariel Ortega Kuaray Poty, Leandro Kuaray Mimbi, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro. Nhanderú Tenondé criou primeiro a Linguagem. Assim tudo começa de acordo com a cultura Mbyá-Guarani, povo originário do território brasileiro, paraguaio, argentino e uruguaio. Com apoio do Fundo de Arte e Cultura, o objetivo da publicação é ampliar as perspectivas históricas da criação do mundo, a partir de um olhar ancestral, lúdico e mitológico, que chega ao século 21 por meio da história oral.

Atualmente, as etnias indígenas brasileiras são aproximadamente 300, com mais de 270 distinções linguísticas. Para as autoras e autores de “Teko hypy”, com tamanha diversidade, a relevância cultural e histórica deste projeto se dá, especialmente, pela narrativa da origem do mundo de maneira não-ocidentalizada e não-hegemônica.

Ariel Ortega Kuaray Poty e Patrícia Ferreira Pará Yxapy são cineastas, documentaristas ligados ao projeto Vídeo nas Aldeias. Ela também é professora na Aldeia Ko’enju, onde mora, em São Miguel das Missões (RS), assim como Leandro Kuaray Mimbi, que leciona na Escola Indígena da Aldeia Mbyá Guarani Ka’aguy Hovy Porã, em Maricá (RJ). A quarta autora é a artista visual goiana Sophia Pinheiro, pesquisadora interessada nas políticas e poéticas visuais, em processos de criação, gênero, sexualidade e epistemologias ameríndias. Juntos eles contam uma história mundialmente conhecida na perspectiva científica e religiosa não-indígena. Em “Teko hypy: a origem do mundo”, a divindade criadora Nhanderú Tenondé concebeu a mulher e o homem por meio da espiga do milho e todas as pessoas nasceram iguais para viverem juntas no mundo imperfeito.

Os textos do livro são originais, escritos em colaboração pelas autoras e pelos autores, a partir de pesquisa realizada em território Mbyá-Guarani, no sul do Brasil e na Argentina. Sophia Pinheiro tem viajado para Ko’enju desde 2018, quando o livro iniciou seu processo criativo. O trabalho de campo inclui a realização de oficinas com crianças da aldeia, atividades artísticas conduzidas por ela e por Patrícia. Começaram assim os estudos para os desenhos com o intuito de ilustrar a origem do universo de maneira não-convencional, à luz de simbologias, formas, tipologias e cores identificadas à cultura Mbyá-Guarani.

Para Ariel, Leandro, Patrícia e Sophia, “Teko hypy: a origem do mundo” é mais do que um livro, é instrumento de difusão da cultura brasileira originária. O projeto conta com canal no youtube para compartilhamento de registros audiovisuais da experiência criativa dos autores e autoras. “Uma forma de valorizar a sabedoria e o conhecimento indígena, e de agir como um instrumento de representatividade dos povos indígenas. A origem do Planeta Terra e do Universo ainda é uma questão existencial humana envolta por mistério e curiosidade”, ressalta Sophia Pinheiro.

A tradução dos textos escritos em português para o idioma Mbyá-Guarani foi realizada por Leandro Kuaray Mimbi, que estará em Goiânia, juntamente com Sophia, para o lançamento do livro em três eventos. No sábado, às 10 horas, na Livraria Palavrear, e na sexta-feira, às 16 horas, na Livraria O Jardim. Para o público da Biblioteca Braille de Goiânia, os autores conduzem roda de conversa amanhã (quinta), às 15h30.

 

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