Cigarro eletrônico causa dependência e tabagismo têm aumento de óbitos no Brasil
Uma das causas decorrentes do tabagismo e da exposição ao fumo passivo é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), quinta causa de morte no Brasil
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Mais de sete milhões dessas mortes são do uso direto e cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. A OMS afirma ainda que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao tabaco é maior.
No Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo, segundo dados do Instituto de efetividade clínica e sanitária (2020) e cerca de R$ 125 bilhões são os danos produzidos pelo cigarro no sistema de saúde e na economia. Quanto às mortes anuais atribuíveis ao tabagismo, 37.686 correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33.179 às doenças cardíacas, 25.683 a outros cânceres, 24.443 ao câncer de pulmão, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao acidente vascular cerebral (AVC).
“A DPOC é uma condição caracterizada pela limitação da passagem do ar pelos pulmões. Essa limitação do fluxo aéreo é irreversível e, em sua maioria, está associada a resposta inflamatória anormal dos pulmões devido à inalação de partículas nocivas, principalmente do tabaco, pois a fumaça e outras substâncias presentes no cigarro provocam, aos poucos, a destruição do tecido que forma as vias respiratórias. É a quinta causa de morte entre todas as idades e, nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000 hospitalizações e gasto anual aproximado de 72 milhões de reais”, evidencia o médico pneumologista credenciado da Omint Saúde, Ricardo Henrique Teixeira.
Não se engane, cigarro eletrônico é tão vilão ou mais que o cigarro tradicional
Os cigarros eletrônicos, proibidos no Brasil desde 2009, voltaram a circular, principalmente entre o público jovem. Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), 650 mil pessoas estão fumando com esse dispositivo. O médico cardiologista Carlos Alberto Pastore, explica que esses dispositivos eletrônicos possuem uma concentração maior de nicotina, o que leva a uma maior dependência. Além disso, o vapor quente inalado prejudica as vias aéreas e as substâncias presentes para imitar sabores e odores também são tóxicas ao organismo. “Através de partículas ultrafinas que conseguem ultrapassar a barreira dos alvéolos do pulmão e acabam caindo na corrente sanguínea, são causadas inflamações que ao atingir os vasos, resultam em eventos cardiovasculares agudos como infarto e AVC. Diferentemente do cigarro convencional, que demora às vezes mais de 20 anos para manifestar um câncer ou algumas doenças relacionadas, o cigarro eletrônico chega de forma mais agressiva, de acordo com estudos recentes”, alerta Pastore.
Prevenção e tratamento – “No caso da DPOC existem tanto medicações de uso contínuo destinadas à prevenção das crises como aquelas que agem se o fôlego faltar. Mas, o que vale para todas as doenças respiratórias é manter a ingestão de líquidos, boa alimentação com frutas e legumes, agasalhar-se conforme a temperatura; evitar lugares fechados com aglomerações e sem ventilação; evitar o tabagismo, inclusive o passivo; lavar bem as mãos, principalmente ao tossir e espirrar; manter o uso de máscara em lugares abertos ou fechados se apresentar algum sintoma de infecção; nunca se automedicar; manter o calendário de vacinação atualizado; e o acompanhamento médico”, esclarece Teixeira.
Para o tabagismo existem vários programas disponíveis pelo SUS, além do tratamento com medicamentos. Os especialistas apontam que o paciente fumante, ativo ou passivo, deve procurar orientação médica ao sentir qualquer desconforto, para que possa receber o tratamento mais adequado para o seu caso e melhorar sua qualidade de vida.