Goiânia tem a maior valorização entre as capitais em 2022, aponta o Índice FipeZAP+
Além da alta de preços nos materiais de construção, a grande procura por imóveis em terrenos nobres, a exigência do consumidor por melhorias contínuas nos projetos, e crescimento populacional acima da média são fatores que estão influenciando o aumento, diz especialista. Fatores geopolíticos também podem causar impacto
Os imóveis goianienses tiveram alta de 4,32% nos dois primeiros meses deste ano, e a capital está entre as três com maior valorização no acumulado dos últimos doze meses, conforme ranking das 16 capitais monitoradas pelo Índice FipeZAP+, que acompanha o comportamento dos preços de venda de imóveis em 50 cidades brasileiras. A elevação ficou acima da variação da inflação de 1,39%, medida pelo IPCA/ IBGE.
A valorização segue o ritmo de valorização do ano anterior, quando a capital registrou a quarta maior elevação entre as 16 capitais pesquisadas, chegando a 15,14%. Descontando a inflação medida pelo IPCA de 10,38%, a alta real foi de 4,76%. Apesar disso, a capital goiana permanece como a terceira capital com o metro quadrado mais barato do País, a R$ 5.333. A média das 50 cidades pesquisadas é de R$ 7.941.
Especialista no mercado imobiliário, diretor e sócio da URBS Imobiliária, Ricardo Teixeira aponta alguns fatores para a valorização acima da média nacional, em Goiânia. Além do aumento nos custos das obras, que afetou todo o País, a escassez de imóveis nos endereços mais nobres, a alta exigência do consumidor e a atratividade da capital por moradores de fora são fatores de influência direta nos números.
Em relação ao aumento de custos, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), apesar de ter tido aumento razoável, não conseguiu absorver todos os custos de construção, na visão de Ricardo Teixeira. “Então há uma pressão do próprio negócio para o aumento de preço, que não tem como deixar de ser repassado”, observa.
Em relação à oferta de estoque de imóveis nos setores nobres de Goiânia, ele lembra que os projetos em terrenos com melhor localização tem alta procura, o que gera uma pressão natural dos preços para cima.
“Destaco também a própria exigência do consumidor, o que estimula a diferenciação dos produtos. Custa mais caro para aprimorar os projetos com tecnologia, com design e Goiânia tem melhorado seu nível de produtividade. Consequentemente, isso é repassado para o preço do metro quadrado”, analisa.
Ricardo Teixeira lembra ainda que a capital goiana tem um potencial para receber pessoas de fora e apresenta um crescimento acima da média nacional. Entre os anos de 2000 a 2010, conforme os últimos censos demográficos do IBGE, a população do Estado de Goiás cresceu 20% passando de 5.003.228 para 6.003.788 habitantes. A taxa média geométrica de crescimento anual da década foi de 1,84%, enquanto a taxa brasileira ficou em 1,17%.
“Isso gera uma demanda espontânea para a cidade. Todas as premissas indicam que o mercado tende a crescer e a se valorizar ainda mais”, ressaltou o especialista.
Plano Diretor
Ainda em relação à valorização do mercado imobiliário em Goiânia, Ricardo Teixeira vislumbra alterações a longo prazo, em razão do novo Plano Diretor da capital, sancionado no início do mês de março. Segundo ele, as limitações impostas pelo projeto, devem representar mais encarecimento de terrenos e imóveis.
“Em uma visão a longo prazo, com a mudança do Plano Diretor, teremos uma redução no potencial produtivo de cada terreno. Os terrenos que antigamente era possível construir de acordo com o recuo, de forma ilimitada, com até 10 ou 12 vezes o tamanho, será impedido. O novo Plano Diretor cerceia isso a 7,5 vezes. Esse é um limitador que vai encarecer os terrenos e, consequentemente, isso será repassado para o mercado imobiliário”, completa o especialista.
O Plano Diretor de Goiânia, inclusive, é o tema principal do URBS Hub, evento realizado pelo Grupo URBS Imobiliária para corretores parceiros da empresa, no intuito de atualizá-los em relação ao mercado imobiliário, suas tendências e direcionamentos.
A primeira edição do evento em 2022, será no próximo dia 5 de abril, para cerca de 290 parceiros e colaboradores. Segundo Ricardo Teixeira, além da importância do evento de forma geral, para a qualificação da equipe, o tema do Plano Diretor, que será ministrado pelo arquiteto Paulo Renato Alves, diretor da Norden Arquitetura, é de grande relevância para o momento atual, já que isso balizará o mercado nos próximos anos.
Cenário político
Sobre a influência do cenário político no mercado imobiliário, Ricardo Teixeira aponta que a instabilidade é inevitável. No entanto, ele afirma que a situação já é conhecida e não é novidade para os brasileiros. “Na questão da política, o Brasil já viveu isso em outros momentos, o cenário já está se definindo. Os candidatos de frente são pessoas já conhecidas do mercado imobiliário e financeiro, então, a gente já está assimilando mais essa disputa. É claro que ela vai incomodar, vai gerar uma instabilidade, mas sabemos conviver com isso, não é novidade. Nos preocupa mais a inflação do que a própria eleição. Mas temos uma expectativa de estabilização para o segundo semestre deste ano”, diz ele.
“A novidade fica por conta do cenário geopolítico. O mundo inteiro está de olho no conflito entre Rússia e Ucrânia. Nós ainda estamos passando pela crise gerada pela pandemia. São componentes que se somam a um cenário complexo, mas somos resilientes e vamos passar bem por isso”, finaliza.
Índice FipeZAP+ fevereiro de 2022
Maior valorização em 2022 entre as 16 capitais pesquisadas
Goiânia (+4,32%), Vitória (+3,97%), Campo Grande (+3,50%), Maceió (+2,82%), Florianópolis (+2,31%), Florianópolis (+1,22%), Fortaleza (+1,90%), João Pessoa (+1,83%), Salvador (+1,38%) e Brasília (+1,27%)
Valorização acumulada nos últimos 12 meses
Vitória (+22,45%), Maceió (+17,93%), Goiânia (+17,44%), Florianópolis (+16,35%), Curitiba (+13,98%), Campo Grande (+9,34%), Brasília (+9,25%), João Pessoa (+8,73%) e Manaus (+8,65%)